Bolsonaro vai a Recife e critica o que está acostumado a fazer: “política em cima da desgraça de alguns”

 
Não é novidade para os brasileiros de bom-senso que o presidente Jair Bolsonaro é um golpista nato que vive atolado no cocho da delinquência intelectual. Nesta segunda-feira (3), o chefe do Executivo sobrevoou a região metropolitana de Recife, atingida por fortes chuvas e deslizamentos de terra que deixaram 91 mortos, 26 desaparecidos e mais de 5 mil desabrigados.

Bolsonaro foi à capital pernambucana porque o País está a quatro meses das eleições e por enfrentar números nada animadores nas pesquisas eleitorais, que aponta uma possível derrota no primeiro turno.

Não fosse esse cenário, talvez o presidente repetisse a frase covarde vociferada na virada do ano, quando afirmou que não interromperia suas férias para visitar o sul da Bahia e o norte de Minas Gerais, onde as chuvas causaram consideráveis danos e deixaram dezenas de mortos e milhares de desabrigados.

Durante o sobrevoo na Grande Recife, Bolsonaro criticou o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). Por “fazer política em cima da desgraça de alguns”. “Faltou iniciativa da parte de Paulo Câmara. Governador tem que esquecer questão política, arregaçar as mangas e vir trabalhar”, afirmou o presidente.

 
O presidente aproveitou a visita a Recife para elogiar a atuação das Forças Armadas na assistência às famílias. “Vamos dar apoio aos municípios e ao governo do Estado. O governo federal está sempre alerta para atender à população, independente de pedidos das autoridades locais”, afirmou o mitômano.

Se há no Brasil alguém que não tem moral para falar em “fazer política em cima da desgraça de alguns”, esse certamente é Jair Bolsonaro, que há dias cumprimentou os policiais que promoveram uma matança na Vila Cruzeiro, na zona norte carioca, e se calou diante do assassinato de Genivaldo de Jesus Santos, em Umbaúba (SE), colocado em uma “câmara de gás” por integrantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Logo após a morte de Genivaldo, o presidente se limitou a dizer que se inteiraria do caso para emitir uma opinião, algo que até esta segunda-feira não aconteceu, apesar de terem se passado cinco dias após o crime. O silêncio de Bolsonaro é “fazer política em cima da desgraça dos outros”, pois falar sobre o assunto é reconhecer a culpa de um Estado criminoso que caminha na direção do retrocesso e do obscurantismo.

Inicialmente, talvez para não melindrar Bolsonaro e evitar maior danos à sua campanha, a PRF limitou-se a afirmar que durante a abordagem a Genivaldo foram usadas técnicas de imobilização, já que o abordado apresentou resistência, o que não condiz com a realidade. Genivaldo foi imobilizado durante trinta minutos antes de ser colocado na parte traseira da viatura da PRF, onde morreu por asfixia mecânica m decorrência de gás lacrimogêneo.