A postura do governo diante do desparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, do jornal “The Guardian”, na região do Vale do Javari, no Amazonas, ratifica o status de pária internacional que o Brasil conquistou sob o comando de Jair Messias Bolsonaro.
Durante a campanha presidencial de 2018, o UCHO.INFO alertou diversas vezes para o fato de que, com Bolsonaro eleito, seriam normalizados os escândalos envolvendo o meio ambiente e a mineração ilegal, o que agora infelizmente se comprova.
Na noite de segunda-feira, quando a comunicação do desaparecimento de Pereira e Phillips às autoridades passava de 30 horas, o Exército Brasileiro, por meio do Comando Militar da Amazônia (CMA), divulgou nota de conteúdo torpe (abaixo) e marcada pelo cinismo, causando revolta nas redes sociais.
Na nota, o CMA, sem citar os nomes dos desaparecidos, a eles se referindo apenas como “um jornalista inglês” e “um indigenista”, afirmou que “está em condições de cumprir missão humanitária de busca e salvamento, como tem feito ao longo de sua história”. O comando militar completou: “Contudo, as ações serão iniciadas mediante acionamento por parte do Escalão Superior”.
A passividade criminosa do Exército indignou os que esperavam o pronto envolvimento das autoridades em caso de repercussão internacional, em que “cada minuto conta”, como afirmou Sian Phillips, irmã do jornalista britânico.
A alegação de que é preciso “acionamento por parte do Escalão Superior” para iniciar as buscas é uma ode à covardia, pois o Comando Militar da Amazônia tem poder de polícia, em especial nas regiões de fronteira.
Como se não bastasse o descaso oficial do Exército, nesta terça-feira (7) o presidente Jair Bolsonaro avançou no terreno da irresponsabilidade ao afirmar que Pereira e Phillips realizaram “aventura não recomendável”.
“O que nós sabemos, até o momento, é que no meio do caminho (eles) teriam se encontrado com duas pessoas, que já estão detidas pela Polícia Federal, estão sendo investigadas. E realmente duas pessoas apenas num barco, numa região daquela, completamente selvagem, é uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser um acidente, pode ser que eles tenham sido executados. a gente espera e pede a Deus para que sejam encontrados brevemente”, afirmou Bolsonaro, em entrevista ao SBT News.
Em comunicado divulgado na manhã desta terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores informou que a Polícia Federal e a Marinha estão tomando “todas as providências” para localizar o quanto antes o indigenista e o jornalista. O Itamaraty ressaltou no documento que tomou conhecimento do assunto “com grande preocupação”.
Desde a chegada de Bolsonaro ao Palácio do Planalto, o governo deu início ao desmonte de órgãos de fiscalização ambiental e da Fundação Nacional do Índio (Funai), permitindo que invasores de terras, madeireiros e garimpeiros, além de traficantes de drogas. Em outras palavras, o golpista de plantão continua “passando a boiada”.
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