Uma tensa reunião entre os presidentes de Brasil e Estados Unidos é esperada para esta quinta-feira (9) na Cúpula das Américas, em Los Angeles. Esta será a primeira vez que Jair Bolsonaro, admirador declarado do republicano Donald Trump, se encontrará com o democrata Joe Biden.
A primeira reunião bilateral entre Bolsonaro e Biden ocorrerá, portanto, um ano e meio depois que o democrata assumiu o governo dos EUA. Após Trump ser derrotado na eleição de novembro de 2020, Bolsonaro não escondeu sua insatisfação com a vitória de Biden.
O presidente americano, por outro lado, até mesmo antes de ser eleito, fez advertências contra a política ambiental do líder brasileiro.
Quando Bolsonaro aceitou o convite para a cúpula, a agência de notícias americana Associated Press informou que ele havia pedido para Biden não questioná-lo sobre seus constantes ataques contra o sistema eleitoral brasileiro. Na ocasião, a AP citou três ministros do gabinete de Bolsonaro sob a condição de anonimato.
O conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, negou que o presidente americano tivesse concordado com quaisquer condições para o encontro com o brasileiro.
De acordo com Sullivan, não haverá temas proibidos na conversa e os dois líderes devem abordar o tema de “eleições livres, transparentes e democráticas”.
Os americanos ofereceram a reunião bilateral para Bolsonaro como forma de atrair a presença do presidente brasileiro para a cúpula e minimizar a ausência de outros líderes que boicotaram o encontro.
Concorrendo à reeleição, Bolsonaro tem aparecido em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ainda nesta quinta-feira, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, deve se reunir com líderes caribenhos para discutir proteção ambiental e mudanças climáticas. Já a primeira-dama, Jill Biden, será a anfitriã de um brunch para os cônjuges dos líderes.
Na sexta-feira, último dia da Cúpula das Américas, Biden deverá falar sobre migração, questão chave para o seu governo, já que cada vez mais pessoas têm fugido da violência e das dificuldades econômicas na América Latina e, com isso, rumado para a fronteira dos EUA com o México.
Biden conceituou seu novo plano migratório como detentor de uma “abordagem inovadora e integrada”, com responsabilidade compartilhada em todo o hemisfério. Ainda assim, entretanto, forneceu poucos detalhes sobre o tema.
Ausência de líderes
Sem a participação de Cuba, Nicarágua e Venezuela, países considerados ditaduras pelo governo estadunidense, outros líderes decidiram não participar da edição deste ano da Cúpula das Américas.
Em protesto ao fato de os EUA não terem convidado líderes dessas três nações, os presidentes de Bolívia, Guatemala, Honduras e México não viajaram a Los Angeles. O presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, cancelou a participação por ter contraído Covid-19.
O presidente mexicano, Andres Manuel Lopez Obrador, por exemplo, enviou o ministro das Relações Exteriores. A ação foi seguida por outros líderes, o que, de certa forma, desacelera o anseio de Biden por um restabelecimento de relações mais fortes entre os EUA e a América Latina.
Convocada pela primeira vez pelo então presidente americano Bill Clinton, em Miami, em 1994, a Cúpula das Américas está em sua nona edição. A ideia dos encontros é fortalecer o crescimento econômico e a prosperidade em todo o continente americano por meio de valores democráticos e aumento das relações comerciais.
Desde então, as outras edições ocorreram em Santiago, Chile (1998); Quebec, Canadá (2001); Mar del Plata, Argentina (2005); Port of Spain, Trinidad e Tobago (2009); Cartagena, Colômbia (2012); Cidade do Panamá, Panamá (2015); e Lima, Peru (2018). (Com agências internacionais)
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