Com o anúncio de Braga Netto como vice, Bolsonaro corre o sério risco de ser abandonado pelo Centrão

 
Desesperado com o próprio projeto de reeleição, o presidente Jair Bolsonaro corre o risco de chegar em outubro apenas com o apoio da base parlamentar mais radical. Refém do Centrão, o que há de pior na política nacional, Bolsonaro anunciou o nome do general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, como candidato a vice-presidente em sua chapa. O anúncio aconteceu no domingo (26), mas o cenário pode mudar a qualquer momento.

Caso a escolha seja confirmada nos próximos dias, o presidente dará um duro golpe no Centrão, que no segundo governo da petista Dilma Rousseff deu mostras inequívocas do que é capaz. Com mais de 140 pedidos de impeachment contra Bolsonaro engavetados, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), um dos “caciques” do Centrão, almeja não apenas a reeleição, mas, na sequência, continuar controlando o criminoso “orçamento secreto”.

Até meados da última semana, Bolsonaro avaliava a possibilidade de escolher a ex-ministra da Agricultura, deputada federal Tereza Cristina (PP-MS) como companheira de chapa. Contudo, o chefe do Executivo teme que, caso reeleito, em algum momento a ex-ministra acabe contaminada pela volúpia do Centrão e o País reviva o que ocorreu com a ex-presidente Dilma.

 
Diante dessa desconfiança, Bolsonaro passou a considerar o nome da ex-ministra Damares Alves (Mulheres, Família e Direitos Humanos) como candidata a vice. Essa hipótese levou em conta a fidelidade de Damares ao presidente da República, além de ter boa interação com o eleitorado evangélico.

A escolha de uma mulher como candidata a vice ajudaria no processo de atrair o eleitorado feminino, onde Bolsonaro enfrenta grande resistência. Para isso, a campanha do chefe do Executivo contava com a participação da primeira-dama em algumas gravações para aproximar o marido das mulheres.

Temendo ser alvo de ataques nas redes sociais por conta das bizarrices do marido, Michelle Bolsonaro rejeitou a proposta. De tal modo, o núcleo duro da campanha optou por reforçar o discurso da extrema-direita, tarefa que Braga Netto certamente cumprirá com dedicação e sem esforço.

A grande questão é que com Braga Netto como candidato a vice a imagem de radical de Bolsonaro crescerá exponencialmente. Talvez a escolha de um general da reserva como companheiro de chapa tenha se baseado no fato de que Bolsonaro insiste em aplicar um “cavalo de pau” na democracia caso seja derrotado. Considerando as mais recentes pesquisas eleitorais, a possibilidade de uma tentativa de golpe não deve ser descartada.


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