Muito antes de o Congresso começar a discutir a Proposta de Emenda à Constituição que turbina benefícios sociais existentes e cria outros pontuais, o UCHO.INFO já afirmava que o desespero havia tomado conta do Palácio do Planalto por conta da possibilidade (que só cresce) de o presidente Jair Bolsonaro ser derrotado nas eleições de outubro. Não por acaso, a proposta ilegal e inconstitucional ganhou o nome de PEC do Desespero.
Apesar da manobra do governo para deliberadamente “comprar votos”, quase 30% da população brasileira vive insegurança alimentar moderada ou grave, revela relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgado nesta quarta-feira (6). São 61,3 milhões de pessoas que não têm garantia de alimentação – dentre elas, 15,4 milhões convivem com insegurança alimentar grave. Os dados são do período de 2019 a 2021.
O novo relatório mostra forte agravamento da situação no Brasil: entre 2014 e 2016, eram 37,5 milhões de pessoas com insegurança alimentar, dentre elas 3,9 milhões em condição grave – quase quatro vezes menos do que atualmente.
De acordo com a classificação da FAO, insegurança alimentar grave é quando a pessoa fica sem comida por um dia ou mais. Já insegurança alimentar moderada significa que a pessoa não tem certeza se conseguirá comida ou precisa reduzir a qualidade e/ou quantidade dos alimentos.
No final de junho, uma pesquisa do instituto Datafolha revelou que um em cada quatro brasileiros (26%) afirma não ter comida suficiente para alimentar seus familiares.
No começo de junho, o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil apontou que 33,1 milhões de brasileiros não têm o que comer, fazendo o País regredir a um patamar de insegurança alimentar equivalente ao da década de 1990.
A pesquisa revela que 58,7% da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau – leve, moderado ou grave (fome). Atualmente, apenas quatro em cada 10 domicílios brasileiros conseguem manter acesso pleno à alimentação, ou seja, estão em condição de segurança alimentar.
Em suma, se Bolsonaro espera algum milagre eleitoral a partir da PEC do Desespero, o melhor é se acostumar com a ideia de uma resposta negativa das urnas.
Política econômica
Ao longo dos últimos três anos, ressaltamos em diversas ocasiões que a tragédia social brasileira seria impulsionada pela pífia política econômica comandada pelo ainda ministro Paulo Guedes. Os efeitos da pandemia do novo coronavírus fizeram o cenário piorar, mas Bolsonaro preferiu ignorar a realidade.
Não se pode ignorar que quando a pandemia começou a dar passos mais acelerados no Brasil, Paulo Guedes defendeu o valor de R$ 200 para o “Auxílio Emergencial”. Com a reação do Congresso, que propôs um valor de R$ 500, o governo se viu acuado aumento a proposta em R$ 100.
Se a política econômica atual é responsável pela tragédia social com que nos deparamos diariamente, após a PEC do Desespero a situação ficará pior e mais preocupante. Isso porque alguns dos benefícios criados pela PEC valerão até 31 de dezembro.
Confirmando o que antecipamos, o governo Bolsonaro acionou uma bomba fiscal de efeito retardado, cujos efeitos acabarão no bolso do consumidor. Não importa a decretação de estado de emergência, pois a conta decorrente da PEC do Desespero terá de ser paga em algum momento. Isso significa aumento da inflação, elevação das taxas de juro, baixo consumo e, por consequência, desemprego.
Nada disso importa para Jair Bolsonaro e sua turba de apoiadores, pois a ordem do dia no Palácio do Planalto é a reeleição. Quando a população se deparar com a realidade será tarde demais.
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