Alemanha em alerta para interrupção no fornecimento de gás da Rússia

 
A Alemanha está se preparando para a suspensão permanente do fluxo de gás natural da Rússia a partir desta segunda-feira (11), quando se inicia a manutenção no gasoduto Nord Stream 1, que leva o combustível para o país através do Mar Báltico.

Os trabalhos nos 1.220 quilômetros de tubulações são um evento anual exigindo o fechamento dos registros por até duas semanas. Segundo porta-voz da companhia administradora, sediada na Suíça, haverá supervisão de partes mecânicas e sistemas automáticos.

“Como previsto, o Nord Stream 1 está a zero desde esta manhã”, informou Klaus Mueller, presidente da Bundesnetzagentur, a agência alemã reguladora das redes de gás, eletricidade e telecomunicações. “O que ocorre no fim da manutenção, ninguém é capaz de dizer neste momento. Não saberemos nada antes do dia anterior a seu fim programado.”

O ministro alemão da Economia, Robert Habeck, não hesitou em expressar as apreensões do governo, referindo-se a um “cenário de pesadelo”: “Tudo é possível, tudo pode acontecer”, comentou no sábado à emissora Deutschlandfunk. “Pode ser que o gás volte a fluir, talvez mais do que antes. Mas também pode ser que nada venha. Precisamos honestamente nos preparar para a pior situação possível e fazer o melhor para lidar com ela.”

Planos de emergência em caso de corte total

Na Alemanha é grande a preocupação em relação à possibilidade de Moscou se aproveitar da oportunidade para instrumentalizar ainda mais a energia em represália às sanções impostas pelo Ocidente em razão da guerra contra a Ucrânia. O Nord Stream 1 transporta por ano 55 bilhões de metros cúbicos de gás russo, vital tanto para movimentar a maior economia europeia como para aquecer a maioria de seus lares.

 
Por todo o país estão sendo elaborados planos de emergência em caso de corte total: hospitais e serviços de emergência têm prioridade máxima, enquanto as residências estão à frente da maior parte dos usos industriais. Também é intensa a luta contra o aumento dos preços da energia e a consequente inflação.

Desde o começo da invasão da Ucrânia pelas tropas russas, em 24 de fevereiro, Moscou reduziu o fluxo pelo Nord Stream 1 a cerca de 40% dos níveis usuais, colocando a culpa nas sanções, por supostamente impedirem o acesso a peças sobressalentes.

No último sábado (9), o Canadá declarou que, após consultar Berlim e a Agência Internacional de Energia (AIE), isentará a Rússia das sanções “por tempo limitado”, para permitir o envio, a partir de Montreal, de uma turbina russa necessária aos trabalhos de manutenção do gasoduto.

Na véspera, o Kremlin prometera aumentar o fornecimento à Europa, assim que a turbina seja devolvida. Kiev objetou, argumentando que a medida ajudaria a manter a dependência europeia em relação ao combustível russo.

A meta de curto prazo da Alemanha é tentar encher seus reservatórios de gás, com vista ao próximo inverno. De acordo com dados divulgados pela Bundesnetzagentur na sexta-feira (8), o nível atual das instalações é de 63% de sua capacidade total. Espera-se atingir 90% até 1º de novembro.

No longo prazo, Berlim quer diminuir a dependência do país do gás russo, estabelecida ao longo de décadas, aumentando a geração de energia renovável, em parte ao redefinir o setor como de vital importância para a segurança do país. (Com agências internacionais)


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