Covarde, Bolsonaro critica a imprensa pela repercussão do assassinato de petista em Foz do Iguaçu

 
O discurso de ódio disseminado pelo presidente Jair Bolsonaro ganha contornos perigosos ao avançar no terreno do crime. Essa tática que afronta a democracia e o Estado de Direito já era esperada, pois trata-se de um mecanismo para intimidar os opositores do chefe do Executivo, que busca a reeleição.

Atrás do ex-presidente Lula nas pesquisas eleitorais, Bolsonaro tem insistido nessa retórica em todos os eventos de campanha, como aconteceu no último sábado (9), em São Paulo, durante a “Marcha para Jesus”, ocasião em que afirmou que o País vive uma luta do “bem contra o mal”.

“Somos contra o aborto, somos contra a ideologia de gênero, somos contra a liberação das drogas, somos defensores da família brasileira. Nós somos a maioria do País, a maioria do bem, e, nessa guerra do bem contra o mal, o bem vencerá”, disse Bolsonaro a horda de apoiadores.

Também no sábado, desta vez em Uberlândia (MG), Bolsonaro avançou em seu devaneio discursivo e voltou a falar em comunismo, ideologia que está restrito a alguns poucos países, como a Coreia do Norte, por exemplo.

“Todos os dias dobro meus joelhos e rezo para que o nosso povo não experimente as dores do comunismo”, disse o presidente da República, que insiste nesse palavrório insano e mentiroso.

 
O ápice do delírio bolsonarista, por enquanto, aconteceu na noite de sábado, quando um apoiador de Bolsonaro assassinou a tiros, em Foz do Iguaçu (PR), Marcelo Arruda, dirigente municipal do PT e que comemorava o aniversário em festa com temática pró-Lula.

Por razões óbvias o crime causou indignação e levou vários políticos a criticarem o discurso de ódio alimentado por Jair Bolsonaro, que nesta segunda-feira (11) tentou minimizar o fato.

Em conversa com apoiadores que diariamente se aglomeram no “cercadinho” do Palácio da Alvorada, Bolsonaro criticou a forma como a imprensa está divulgando o crime.

“Vocês viram o que aconteceu ontem, né? Uma briga de duas pessoas lá em Foz do Iguaçu. ‘Bolsonarista não sei o que lá’. Agora, ninguém fala que o Adélio é filiado ao PSOL, né? A única mídia que eu tenho é essa que está nas mãos de vocês aí”, disse o presidente.

O fato de Adélio ter sido filiado ao PSOL em algum momento não justifica o crime cometido em Foz de Iguaçu, muito menos a ilação torpe de covarde de que o atentado a faca ocorrido em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro de 2018, tenha sido encomendado pelo partido. No escopo de duas investigações, a Polícia Federal concluiu que Adélio agiu sozinho, desde o planejamento até o cometimento do crime.

 
Desesperado com seu projeto de reeleição, que esfarela com o passar dos dias, Bolsonaro reforça os ataques a Lula e aos partidos que apoiam o ex-presidente, mas não se pode esquecer que o presidente já defendeu “metralhar a petralhada”.

Preocupado com os desdobramentos político-eleitorais do crime cometido por um policial pena federal bolsonarista no Paraná, o presidente da República agora abandona os que seguiram sua sugestão.

“Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos”, escreveu Bolsonaro nas redes sociais.

Afundando na vala da delinquência intelectual, Bolsonaro tem ciência de que sua derrota nas urnas é possível, por isso é preciso que a parcela de bem da sociedade, defensora da democracia, fique atenta ao recrudescimento do discurso de ódio, que já chega às vias de fato em alguns pontos do País.

Na última semana, um apoiador de Bolsonaro atirou uma bomba caseira contra o local onde Lula participou de evento no centro do Rio de Janeiro. Em 15 de junho, na cidade mineira de Uberlândia, um homem usou um drone para despejar produto químico fétido sobre os participantes de evento com o petista e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD).


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.