Bolsonaro retoma fala homofóbica em discurso no Maranhão; projeção persistente é caso para psicólogos

 
Afundando cada vez mais na vala da delinquência intelectual, o presidente Jair Bolsonaro parece não se satisfazer apenas com o discurso de ódio que fomenta e sempre marcou sua trajetória política, algo que cresceu após se instalar no Palácio do Planalto.

Como se não bastasse esse comportamento torpe e antidemocrático, Bolsonaro, em visita à cidade de Imperatriz (MA), na quarta-feira, recorreu ao discurso da intolerância para agradar ao eleitorado evangélico da região.

Durante evento em que recebeu uma comenda, Bolsonaro discursou aos maranhenses com expressões homofóbicas e transfóbicas. O presidente defendeu que “o Joãozinho seja Joãozinho a vida toda” e que “a Mariazinha seja Maria a vida toda”. Bolsonaro repetiu que seu modelo de família é composto por “homem, mulher e prole”.

Ao defender as pautas conservadoras, o chefe do Executivo federal disse que no governo Lula (PT) houve tentativa de “desconstrução da heteronormatividade”.

“O que nós queremos é que o Joãozinho seja Joãozinho a vida toda. A Mariazinha seja Maria a vida toda, que constituam família, que seu caráter não seja deturpado em sala de aula”, declarou.

 
Em diversos momentos, Bolsonaro afirmou que seus adversários defendem o aborto. “O que alguns querem para o nosso Brasil? Querem aprovar o aborto como se fosse a extração de um dente. Dizem que isso é questão de saúde e não uma questão de acreditar que a vida começa na concepção”, disse.

Especialista em induzir seu eleitorado a erro, Bolsonaro deveria deixar a covardia de lado e assumir publicamente, em especial aos evangélicos, que sugeriu Ana Cristina Valle, sua ex-esposa, interrompesse a gravidez de Jair Renan, o filho “04”. O aborto só não foi consumado porque o agora presidente deixou a decisão para sua então companheira, Ana Cristina Valle.

Em entrevista à revista “IstoÉ Gente”, em 2000, Bolsonaro foi questionado sobre a legalização do aborto e respondeu: “Tem de ser uma decisão do casal”. Em seguida, completou: “Já (vivi tal situação). Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter”.

Como antecipou a jornalista Mônica Bergamo, da “Folha de S.Paulo”, a vereadora Erika Hilton (PSOL-SP) apresentou nesta quinta-feira (14) ao Supremo Tribunal Federal (STF) queixa-crime) contra Bolsonaro, sob a justificativa de que as falas do presidente apresentam “evidente caráter homofóbico e transfóbico”.

 
Incapaz de compreender as consequências de uma fala covarde e criminosa, Bolsonaro, com tais declarações, não apenas incentiva a intolerância da sociedade com a comunidade LGBTQI+, mas abre caminho para que integrantes desse grupo corram riscos dos mais diversos.

Em 2011, Bolsonaro, então deputado federal, declarou: “Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar uma de hipócrita aqui. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí.”

Em 2019, em conversa com jornalistas, afirmou: “Quem quiser vir aqui [ao Brasil] fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. O Brasil não pode ser um país de turismo gay. Temos famílias”.

Como sempre afirmamos, na Psicologia a projeção é considerada um mecanismo de defesa no qual os atributos indesejados de determinada pessoa são transferidos a terceiros. A insistência de Bolsonaro em recorrer a declarações homofóbicas e transfóbicas é no mínimo estranha. Melhor seria se o presidente procurasse ajuda psicológica para decifrar esse fantasma que o persegue.

Não por acaso, quando foi chamado de “noivinha do Aristides” pela passageira de um carro que trafegava pela Via Dutra, Bolsonaro ordenou à Polícia Rodoviária Federal que detivesse a mulher, que foi levada para depor na Polícia Federal, na cidade de Volta Redonda (RJ).


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