Cidadania diz que reunião de Bolsonaro com diplomatas foi “vexame internacional e atentado à democracia”

 
A repercussão do encontro do presidente Jair Bolsonaro com diplomatas estrangeiros na segunda-feira (18), no Palácio da Alvorada, foi a pior possível. Além de ter deteriorado ainda mais a imagem do Brasil no exterior, no cenário internacional ficou a certeza de que o chefe do Executivo planeja um golpe, a exemplo do que afirmamos desde a campanha presidencial de 2018, ocasião em que fomos alvo da injúria criminosa da malta bolsonarista. Os ataques agora se repetem em razão da constatação dos fatos.

Os representantes diplomáticos foram unanimes ao concluir que Bolsonaro tenta repetir o plano golpista do americano Donald Trump, derrotado nas eleições presidenciais dos Estados Unidos e que atuou nos bastidores da invasão do Capitólio, em Washington. Para os que participaram do evento ficou a sensação de que a investida de Bolsonaro não produzirá efeitos práticos, mas é preciso cautela com o atual presidente da República.

Esperava-se que, após o bizarro evento, organizações da sociedade civil reagissem de forma oficial à investida golpista de Jair Bolsonaro, o que não aconteceu. Pode-se afirmar que o mesmo ocorreu com os partidos políticos, em especial os de oposição ao governo, que silenciaram diante do escárnio.

Contudo, no meio político houve ao menos uma exceção. Presidente nacional do Cidadania, o deputado federal Roberto Freire divulgou, ao final da noite, nota da legenda condenando a reunião de Bolsonaro com embaixadores estrangeiros.

Na nota enviada ao UCHO.INFO, Freire destaca: “Bolsonaro expôs o Brasil e os brasileiros diante do mundo. Colocou abaixo de seus interesses mais paroquiais a pátria que no seu slogan estaria acima de todos. Tal desequilíbrio se explica pelo verdadeiro pavor que tem de ser preso pelos crimes que, no íntimo, sabe ter cometido.”

 
O presidente do Cidadania foi além e confirmou o que temos afirmado ao longo dos últimos meses sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. “As urnas eletrônicas que deram a ele e a seus filhos diversos mandatos tirarão de Bolsonaro em outubro não apenas o cargo, mas o foro especial por prerrogativa de função. E o poder e a influência que hoje detém sobre os órgãos de controle”, escreveu Roberto Freire.

Ao final da nota, o deputado cobra dos parlamentares uma reação imediata para, diante de algo inimaginável em qualquer país democrático, evitar o pior: a desmoralização do País. “Bolsonaro está usando o poder federal para impedir a livre execução da Lei Eleitoral e incitando militares à desobediência à lei e à infração à disciplina. Os presidentes da Câmara e do Senado precisam evitar a mais completa desmoralização não de Bolsonaro, essa já consumada, mas do Brasil.”

Representação no STF

Parlamentares de oposição ao governo ingressaram nesta terça-feira (19) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro, alegando que o presidente da República cometeu improbidade administrativa, propaganda eleitoral antecipada, abuso de poder político e econômico e crime contra o Estado Democrático.

“Não pode o representado usar do cargo de Presidente da República para subverter e atacar a ordem democrática, buscando criar verdadeiro caos no País e desestabilizar as instituições públicas”, enfatiza a representação protocolada no STF.

Dependendo do ministro do Supremo sorteado para relatar o caso e de um pronunciamento da Procuradoria-Geral da República (PGR), sempre genuflexa diante do Palácio do Planalto, sobre eventuais elementos para levar adiante denúncia formal contra Bolsonaro, o Brasil poderá ver em breve mais um escândalo ser engavetado.


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