Democrata Nancy Pelosi chega a Taiwan sob protestos e ameaças da China

 
A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, desembarcou em Taiwan nesta terça-feira (2) para uma visita que não fora confirmada até a última hora e que ocorre apesar de incisivos alertas da China sobre possíveis consequências militares e diplomáticas.

O avião da Força Aérea americana que Pelosi está utilizando em seu giro pela Ásia deixou a capital da Malásia, Kuala Lumpur, e voou por uma rota estendida para chegar a Taipei contornando o Mar do Sul da China. Transmissões ao vivo pela televisão mostraram-na sendo recebida no aeroporto Songshan, em Taipei, pelo ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu.

Pouco antes da chegada de Pelosi, a mídia estatal de Pequim noticiou que caças chineses atravessaram o Estreito de Taiwan, que separa a China continental da nação insular. Não ficou imediatamente claro qual seria a missão dos jatos militares.

Pelosi é a mais alta autoridade americana a visitar Taiwan em 25 anos. Em um comunicado, a deputada de 82 anos disse que a visita da delegação americana à ilha “honra o compromisso inabalável da América de apoiar a democracia vibrante de Taiwan”.

Taiwan é uma ilha autogovernada, com um regime democrático e politicamente próxima de países do Ocidente, e uma importante produtora de chips eletrônicos. A ilha declarou sua independência da China em 1949, mas Pequim a considera parte de seu território.

O presidente americano, Joe Biden, havia indicado que as Forças Armadas dos EUA não consideravam uma boa ideia a visita de Pelosi neste momento, no qual as tensões geopolíticas já estão acirradas pela guerra na Ucrânia.

 
“Solidariedade” com Taiwan

Pelosi afirmou que as conversas com os líderes de Taiwan se concentrariam na promoção de interesses compartilhados e na promoção de uma região do Indo-Pacífico livre e aberta.

“A solidariedade americana com os 23 milhões de taiwaneses é hoje mais importante do que nunca, enquanto o mundo enfrenta uma escolha entre autocracia e democracia”, disse ela.

O giro de Pelosi pela Ásia incluiu visitas a Cingapura, Malásia, Coreia do Sul e Japão. A mídia taiwanesa havia noticiado na segunda-feira que ela era esperada para uma visita ao Parlamento de Taiwan, mas a viagem não fazia parte de seu itinerário oficial.

China anuncia exercícios militares

A chegada de Pelosi foi imediatamente criticada por Pequim. O ministério das Relações Exteriores chinês disse que o gestou violou a soberania e a integridade territorial da China e afetou severamente os fundamentos políticos das relações entre Pequim e Washington. O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, afirmou que os políticos americanos que “brincam com o fogo” na questão de Taiwan “não terminariam bem”.

A agência de notícias oficial da China (Xinhua) informou que os militares chineses realizariam treinamentos com munições reais de quinta-feira a domingo nas águas que circundam Taiwan. No início desta semana, Pequim já havia advertido que haveria “desenvolvimentos e consequências muito sérias” se Pelosi visitasse Taiwan.

O presidente chinês, Xi Jinping, considera a “reunificação” com Taiwan um objetivo fundamental e não descartou o possível uso da força para alcançar esse objetivo. Já Taiwan rejeita as reivindicações de soberania da China e diz que somente seu povo pode decidir o futuro da ilha.

Washington segue uma política de “uma só China” e reconhece diplomaticamente apenas Pequim, e não Taipei, o que significa que Taiwan não tem uma relação diplomática oficial com os Estados Unidos. No entanto, os EUA fornecem apoio político e militar considerável a Taiwan.

A China exige que os países escolham entre manter relações formais com Pequim ou com Taipei. Apenas 14 países do mundo mantêm relações diplomáticas oficiais com Taiwan.


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