No dia da leitura da “Carta pela Democracia”, Bolsonaro e aliados sentem os efeitos e ironizam movimento

 
Ao longo dos últimos 43 meses o UCHO.INFO sempre afirmou que a sociedade estava calada diante dos rompantes autoritários do presidente Jair Bolsonaro. Durante a campanha presidencial de 2018, por diversas vezes lembramos que, caso eleito, Bolsonaro em algum momento tentaria dar um “cavalo de pau” na democracia.

A nossa previsão se confirmou, mas nesta quinta-feira, 11 de agosto, como anunciado, a sociedade brasileira mandou um duro recado ao golpista de plantão que se instalou no Palácio do Planalto e tenta a reeleição na esteira de ameaças e ataques à democracia e ao sistema eleitoral.

Na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no centro da capital paulista, representantes de diversos segmentos participaram da leitura da “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, que já se aproxima de 1 milhão de assinaturas. Outros manifestos em defesa da democracia também foram lidos na faculdade localizada no Largo São Francisco.

A “Carta pela Democracia” não cita o presidente Jair Bolsonaro, mas prega a manutenção do Estado Democrático de Direito e o respeito às eleições diante das ameaças golpistas do chefe do Executivo de contestar o resultado e questionar as urnas eletrônicas, foi precedida pela leitura de outro manifesto, endossado por mais de cem instituições dos mais distintos segmentos sociais.

Faltando menos de dois meses para as eleições de outubro, o movimento em prol da democracia simboliza a reação da sociedade civil à escalada autoritária de Bolsonaro, que tem incentivado seus apoiadores a saírem às ruas em 7 de setembro próximo, quando será comemorado o bicentenário da Independência.

 
Setores que estavam imobilizados, temendo reações truculentas do governo, decidiram aderir ao movimento em defesa da democracia, deixando o presidente da República em situação de isolamento.

Bolsonaro, como é do seu feitio, ironizou o ato da leitura da “Carta pela Democracia” escrevendo em seu perfil no Twitter que nesta quinta-feira aconteceu um importante evento. O presidente informou que a Petrobras decidiu reduzir o preço do diesel, o que mostra que a petrolífera brasileira foi usada politicamente para fazer contraponto ao evento em defesa da democracia.

Ministros do governo e aliados adotaram reagiram de forma semelhante. Chefe da Casa Civil e um dos próceres do criminoso Centrão, Ciro Nogueira (PP-PI) usou as redes sociais para ironizar o ato em defesa da democracia.

“A Democracia não pertence a ninguém. A Democracia é de todos nós! A Democracia, inclusive, é o que deveria existir mais em países como Venezuela e Cuba, que alguns “democratas” no Brasil apoiam. Viva a Democracia do Brasil. Viva o Democrata Jair Bolsonaro. A Carta que garante a nossa Democracia é uma só: a Constituição. A Democracia vai vencer o passado e o atraso”, escreveu.

Enquanto Bolsonaro e aliados ironizam publicamente o ato em defesa da democracia, nos bastidores o sentimento é oposto. Colaboradores e integrantes da campanha do presidente afirmam que Bolsonaro está cada vez mais isolado e é o único responsável por esse isolamento.

A reação debochada do presidente da República e de seus aliados de aluguel mostra que o núcleo duro do governo sentiu os efeitos dos movimentos em prol da democracia e do Estado Direito.


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