Em entrevista ao JN, Ciro Gomes apelou à versão “paz e amor”, ignorando momentos de destempero

 
Candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes concedeu entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na noite desta terça-feira (23). Quem conhece o presidenciável pedetista e acompanhou a sabatina logo percebeu que Ciro passou por um rigoroso treinamento para vender aos incautos a imagem de “paz e amor”, que não combina com sua personalidade explosiva e truculenta em muitos momentos.

Para quem não se recorda, em 16 de março de 2016, quando cogitou-se a possibilidade de o ex-presidente Lula ser nomeado chefe da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff, como forma de escapar de eventual mandado de prisão no âmbito da Operação Lava-Jato, um grupo de jovens foi à porta do prédio em que Ciro Gomes reside, em Fortaleza, para protestar.

Irritado com a manifestação, Ciro, que não aceitou a provocação, dirigiu-se à frente do edifício e começou a ameaçar e xingar os manifestantes, que insistiam na provocação. Em dado momento, visivelmente alterado, o pedetista disse que “democracia é respeitar a casa alheia”. Não contente, Ciro Gomes passou a ofender os manifestantes, chamando-os de “fascistas, frouxos, filhos da puta e viados”.

Após as ofensas, o agora candidato à Presidência mandou os manifestantes irem para suas casas, pois passava da 1 hora da manhã. “Isso não pode acontecer. Amanhã dou um tiro na sua cara, filho da puta”, bradou o sempre descontrolado Ciro Gomes.

Em 15 de setembro de 2018, durante a campanha presidencial, Ciro chamou um homem de “filho da puta”, em Roraima, após ser questionado sobre declaração polêmica a respeito do ataque contra venezuelanos ocorrido em 18 de agosto do mesmo ano, em Pacaraima (RR).

 
O homem ofendido se apresentou como jornalista nas redes sociais, mencionou o episódio e disse que Ciro chamou os brasileiros de “canalhas”, “desumanos” e “grosseiros”. O pedetista respondeu: “Vai para a casa do Romero Jucá, seu filho da puta. Pode tirar esse daqui. Esse daqui é do Romero Jucá”, disparou, citando o então senador do MDB de Roraima. Ciro chegou a solicitar até a prisão do entrevistador. “Tira ele. Prende ele aí”, concluiu.

Em 7 de fevereiro de 2019, na Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Salvador (BA), Ciro Gomes acabou se envolvendo em polêmica com participantes do evento que discutia os rumos da soberania nacional. Instado a saudar o ex-presidente Lula, à época na prisão, o pedetista ignorou a sugestão.

A confusão tomou corpo e Ciro Gomes afirmou: “Tem coisa mais chata que um jovem no bar defendendo corrupto? Agora, imagina um jovem tendo que defender corrupção, ladroeira, aparelhamento do Estado. Eu sou limpo, engole essa”, disse. “O Lula tá preso, babaca”, repetindo diversas vezes a frase proferida por seu irmão Cid Gomes, durante a campanha presidencial de 2018.

“Temos o maior líder popular brasileiro preso, condenado em duas sentenças que somam 25 anos. Isso é fato, não me agrada. Mas ou o Brasil entende que isso é fato, ou vamos delirar”, disse Ciro, sugerindo que Lula deveria ter seguido seu conselho de se exilar em uma embaixada, em vez de aceitar a condenação judicial.

“Acreditando em minorias ínfimas, fomos humilhantemente derrotados nessa estratégia. Insistir nela afunda o Brasil”, afirmou, quando a maioria dos estudantes já gritava “Fora, Ciro”.

Para quem, na entrevista do JN, propôs pacificar o País, Ciro Gomes ou é um farsante desavergonhado ou foi muito bem treinado por seus marqueteiros de campanha.


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