Bolsonaro diz ser honesto, mas teme busca e apreensão por imóveis comprados com dinheiro vivo

 
Desde que chegou à Presidência da República, em 1º de janeiro de 2019, Jair Bolsonaro nada fez em prol do País, apesar de propagar alguns feitos que não são de autoria do governo atual. O chefe do executivo enche os pulmões para falar da reforma da Previdência, projeto que começou a ser esculpido no governo de Michel Temer e só foi aprovado por causa do empenho do então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Bolsonaro também tem reivindicado a paternidade do PIX, sistema de pagamento instantâneo desenvolvido por técnicos do Banco Central e que começou a ser gestado no governo Temer.

Sem ter o que apresentar ao eleitorado em termos de realizações, refém dos alarifes do Centrão e rotineiramente ameaçando a democracia e o Estado de Direito, Bolsonaro agora tenta se fazer de vítima, na esperança de que a população caia em sua armadilha.

Como afirmamos desde a campanha presidencial de 2018, Bolsonaro é desprovido de competência e estofo para ocupar cargo de tamanha importância e responsabilidade como a Presidência da República. Além disso, ao usar sua delinquência intelectual para animar a claque de apoiadores, o presidente coloca em risco a manutenção da democracia. Não por acaso, liberou a compra e a posse de armas de fogo e de munições aos integrantes da sucia que defende o golpe e intervenção militar.

Diante da revelação de escândalos envolvendo Bolsonaro, os filhos e demais familiares, em especial na aquisição de dezenas de imóveis muito além das posses do clã – alguns foram pagos em dinheiro vivo –, o chefe do Executivo tenta vender à opinião pública a falsa tese de que está sofrendo perseguição por parte do Judiciário e da imprensa.

Em relação aos imóveis comprados com dinheiro em espécie, Bolsonaro não descarta a hipótese de seus filhos e outros parentes serem alvo de ações de busca e apreensão, algo que já deveria ter ocorrido.

Em entrevista ao canal da Jovem Pan, Bolsonaro, quando questionado sobre o tema, classificou como “covardia” a matéria publicada pelo portal UOL, que descortinou o esquema do clã presidencial na aquisição de imóveis.

“Foi uma covardia soltar isso a um mês das eleições. Como não tem nada contra mim, ficam ao redor dos meus familiares”, afirmou, em entrevista à Jovem Pan. “Moeda corrente não é dinheiro vivo”, argumentou. Na entrevista, Bolsonaro voltou a afirmar que não há corrupção no governo. No contraponto, o UCHO.INFO afirma, sem medo de errar, que há corrupção no governo.

 
As escrituras de compra e venda de imóveis por membros da família Bolsonaro trazem a expressão “moeda corrente do País contada e achada certa”. No universo dos cartórios de registro de imóveis a expressão significa que o pagamento foi feito com dinheiro em espécie.

Comprar algum bem com dinheiro vivo não configura crime, mas desperta a desconfiança das autoridades. Além disso, quando a transação suplanta os rendimentos do comprador, algo errado há por trás desse enredo tipicamente mafioso.

“A matéria fala em 12 parentes, minha mãe que já faleceu, um ex-cunhado… a pergunta que eu faço: qual o relacionamento que eu tenho com essas pessoas? O que eu tenho que responder por elas?”, questionou o presidente durante a entrevista à Jovem Pan.

Bolsonaro tem o direito de se fazer de vítima, mas entre a encenação e o convencimento há considerável distância. Considerando que a casa da mãe do presidente foi comprada com dinheiro em espécie, alguém deve explicações às autoridades competentes. Isso também vale para os filhos de Bolsonaro, que transacionaram imóveis de modo idêntico, sem contar o pagamento de contas pessoais na boca do caixa e com dinheiro sonante. Fabrício Queiroz que o diga.

O presidente da República disse na entrevista que teme uma operação de busca e apreensão, pela Polícia Federal, na casa de familiares para apurar suspeitas de lavagem de dinheiro.

“Tenho quase certeza que vão fazer busca e apreensão na casa de parentes meus para dar aquele ar de ‘olha, a família de corruptos’”, afirmou. Se nada há de errado, Bolsonaro está se preocupando sem necessidade.

Fosse uma referência de probidade, o presidente deveria se antecipar e disponibilizar às autoridades os documentos que provam a lisura das operações imobiliárias que são alvo de questionamento. Afinal, como prega o dito popular que remonta ao Império Romano, “a mulher de César (Pompéia Sula) não basta ser honesta, deve parecer honesta”.


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