Durante a campanha presidencial de 2022, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva disse que, se eleito, não concorreria à reeleição. O petista alegou que em 2026, quando acontecerão novas eleições, estará com 81 anos.
“Politicamente não é prudente dizer, mas todo mundo sabe que eu tenho quatro anos para fazer isso. Todo mundo sabe que não é possível um cidadão com 81 anos querer reeleição. Todo mundo sabe”, afirmou Lula, em setembro passado, durante encontro com intelectuais ligados ao PSDB e ao lado de Geraldo Alckmin (PSB).
Na segunda-feira (2), em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, não descartou a possibilidade de Lula concorrer à reeleição. “Se Lula continuar com a energia e o tesão de 20 anos, quem sabe ele faça um novo mandato”.
Declaração dessa natureza é irresponsabilidade política, mas avança na seara do despautério se considerarmos que o governo Lula sequer completou a primeira semana.
Em matéria anterior afirmamos que a disputa por cargos no primeiro escalão do governo sinalizava que petistas estavam, no período de transição, de olho nas eleições de 2026, como se o Brasil não estivesse mergulhado em crise preocupante e que precisa ser solucionada com urgência.
O chefe da Casa Civil deveria ser mais prudente e não fomentar no núcleo duro do governo uma disputa insana e precipitada, que fará com que os ocupantes das principais pastas se preocupem com a reeleição, em vez de dar prioridade a assuntos de interesse da população.
Ademais, Rui Costa precisa compreender que as alianças políticas que garante ao governo apoio no Congresso Nacional não são eternas e podem ser desfeitas a qualquer momento, a depender do desempenho da gestão petista.
É importante relembrar frase de José de Magalhães Pinto (1909-1996), ex-governador de Minas Gerais e ex-deputado federal: “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito, olha de novo e ela já mudou”.
Em 2024, dois anos antes da próxima disputa presidencial, o País terá eleições municipais, que por certo acarretarão mudanças no cenário de alianças políticas no âmbito nacional. Com tal declaração, Rui Costa mostra ser um trovador dos bons quando calado.
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