Discurso de Alckmin em posse como ministro do Desenvolvimento confirma matéria de 2006 do UCHO.INFO

 
Vice-presidente da República, o ex-governador Geraldo Alckmin assumiu, na quarta-feira (4), o comando do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Com um grande desafio pela frente, Alckmin, que tem boa interlocução com o setor produtivo, destacou em seu discurso de posse que o Brasil passou “precoce” processo de desindustrialização e defendeu a reindustrialização do País.

“A reindustrialização é essencial para que possa ser retomado o desenvolvimento sustentável e que essa retomada ocorra sobre o prisma da justiça social”, disse o vice-presidente. “Depois de quatro anos de descaso, de má gestão pública, e de desalinho com os reais problemas brasileiros, o presidente Lula, com acerto, determinou a recriação do MDIC, como uma medida fundamental para o Brasil retomar o caminho do desenvolvimento como já ocorreu nos seus governos bem-sucedidos”, completou.

Em 2006, o UCHO.INFO alertou em diversas ocasiões que o Brasil avançava a passos largos no terreno da industrialização. Àquela altura destacamos que se nada fosse feito, em pouco tempo o Brasil se transformaria em um país de prestadores de serviços e comerciantes, tirante o agronegócio. À época, na reta final do primeiro governo Lula, fomos duramente criticados e rotulados de pessimistas, mas o tempo novamente provocou que estávamos certos. E os alertas e as críticas continuaram na segunda gestão do petista.

Não se trata de ser profeta do apocalipse ou torcer contra o Brasil, mas nosso compromisso com o bom jornalismo, independente e baseado na verdade dos fatos, é algo inviolável e inegociável. Longe das coisas comezinhas da política, temos interesse em olhar para o futuro e alertar para os necessários ajustes de rota.

Alckmin é altamente qualificado para levar adiante a missão dada pelo presidente Lula, mas é preciso destacar alguns pontos essenciais para que o processo de reindustrialização seja exitoso. Afinal, a indústria, que na década de 80 respondia por 30% do Produto Interno Bruto (PIB), atualmente essa participação está abaixo de 12%.

O sucesso desse projeto depende de três importantes vetores: reforma tributária ampla, mesmo que em capítulos, redução da taxa básica de juro, a Selic, atualmente fixada em 13,75% ao ano, e recomposição do poder de compra do brasileiro.

 
Promessa de muitos candidatos à Presidência da República, a reforma tributária sempre fica no discurso em razão do inchaço da máquina pública, das despesas obrigatórias do governo federal e a necessidade de investimentos nos mais diversos setores.

Economista e ex-deputado federal pelo Paraná, Luiz Carlos Hauly é um especialista no assunto e autor da PEC 110, um dos projetos de reforma tributária que tramitam no Congresso Nacional e que têm enfrentado barreiras das mais distintas. Sem receita advinda de impostos não há como governar.

Para Hauly, “a PEC 110 prevê a fusão de diversos impostos em dois tributos ao contrário de um imposto único e sai na frente de outras propostas aos olhos da indústria. O chamado IVA Dual mantém a separação das competências da União e dos estados para cobrar tributos. A proposta também possui um bom sistema de créditos para a compra de insumos e ajuda no combate à guerra fiscal”.

Sem reforma tributária não se pode sequer sonhar com a reindustrialização do Brasil, mesmo que o vice-presidente Geraldo Alckmin tenha boa vontade.

A redução das taxas de juro é outro ingrediente crucial para que a reindustrialização do País seja viável. Com a taxa atual, o empresário prefere investir em títulos do governo, sem enfrentar os entraves do processo produtivo e a concorrência do mercado interno, sempre deteriorado por produtos importados.

A recomposição do poder de compra do cidadão é outro fator que merece destaque, pois só assim a roda da economia voltará a girar na velocidade correta, movimentando um mercado com mais de 200 milhões de consumidores, algo que não pode ser desprezado.

Além disso, não se pode fechar os olhos para a importância da qualificação do trabalhador, algo que o editor do UCHO.INFO defende desde o início da carreira jornalística, no final da década de 70.


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