Destituição de Josué Gomes da Silva da presidência da Fiesp prova que o golpismo desembarcou na entidade

 
Tudo indica que o golpismo domina uma parcela da população brasileira, em especial os mais aquinhoados, os quais nutrem longeva ojeriza ao Partido dos Trabalhadores. Em São Paulo, onde a elite bastarda mescla figuras tradicionais com os chamados novos ricos, o culto ao golpe parece dominar o pensamento.

A prova maior desse detalhe tosco da elite paulista foi a destituição de Josué Gomes da Silva da presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Filho do falecido empresário José Alencar Gomes da Silva, vice de Lula nos dois primeiros mandatos do petista, Josué, que comanda o grupo Coteminas, caiu em desgraça junto aos seus pares na Fiesp apenas porque, em nome da instituição, assinou um manifesto em defesa da democracia.

Na segunda-feira (16), a destituição de Josué Gomes da Silva do comando da Fiesp foi aprovada por 47 votos a 1, durante assembleia extraordinária da entidade patronal. O empresário não participou da reunião que decretou sua saída do cargo. O encontro foi convocado por sindicatos que discordam da gestão do executivo.

 
Horas antes da assembleia que selou sua saída do cargo, Josué recebeu na sede da Fiesp o ex-presidente Michel Temer e o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), em clara tentativa de demonstrar apoio político. Contudo, os encontros não surtiram o efeito esperado pelo empresário.

Recentemente, durante a montagem da equipe do novo governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou Josué para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, mas o dono da Coteminas recusou o convite, alegando que precisava tratar de questões relacionadas à empresa e à própria Fiesp.

Josué conduziu uma assembleia anterior, convocada por ele próprio, para explicar vários pontos da sua gestão, como o manifesto em favor da democracia divulgado pela Fiesp em agosto do ano passado. Ao final, deixou o encontro na companhia de aliados.

Advogado do empresário, o renomado jurista Miguel Reale Jr. Classificou a destituição de Josué como “golpe”. “Depois da reunião oficial, fizeram uma nova reunião, sem uma acusação específica que case com as hipóteses de destituição”, disse.

“Eles abriram uma reunião clandestina para fazer a destituição, porque querem fazer a destituição. Isso em letras garrafais chama-se golpe”, emendou Reale Jr.

O jurista vai além e cita possível nulidade da referida assembleia da Fiesp. “Argumentos não faltam. Pode-se requerer o reconhecimento da nulidade de assembleia por violação das normas dos estatutos, por ausência de acusação, por não preenchimento das condições estabelecidas no estatuto para a destituição, por quebra do devido processo legal”, declarou.


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