Tragédia Yanomami confirma alerta do UCHO.INFO para escândalos do governo Bolsonaro na mineração

 
A tragédia humanitária na terra Yanomami provocou indignação e repulsa não apenas no Brasil, mas em diversos países. Não obstante a inação criminosa do Estado, que sob o comando do então presidente Jair Bolsonaro preferiu ignorar a realidade, o cenário constatado na região de São Gabriel da Cachoeira, em Roraima, há muito é conhecido por todos que acompanham o jornalismo do UCHO.INFO.

Durante a campanha presidencial de 2018, este noticioso alertou em diversas ocasiões para o fato de Bolsonaro ser um populista détraqué que sempre valeu-se do discurso do falso moralismo para avançar na carreira política, fórmula adotada por seus filhos. Afirmamos também que Bolsonaro, cria do chamado “baixo clero”, era, como ainda é, o que se conhece na política como “mais do mesmo”.

Tão logo teve início o desgoverno de Jair Bolsonaro, em 2019, destacamos que os brasileiros seriam surpreendidos por escândalos envolvendo o setor de mineração, como agora fica comprovado.

Em junho de 2019, no Japão, onde participou da Cúpula do G20, Bolsonaro recorreu à oratória fácil para exibir nas redes sociais bijuterias feitas com nióbio e compradas em Osaka por US$ 1.450, valor equivalente a R$ 5,5 mil (cotação da época).

“Temos aqui um pequeno cordãozinho. Ele é azul, mas tem de várias cores, de acordo com a têmpera do nióbio. A vantagem disso, em relação ao ouro, primeiro são as cores, que variam, e ninguém tem reação alérgica a nióbio. Alguns têm a ouro. Às vezes a mãe põe um brinquinho na orelha da menina. Menina, para deixar bem claro. E tem reação. Disso aqui, não tem”, disse o então presidente em uma de suas enfadonhas transmissões pela internet, aproveitando para destilar sua conhecida homofobia.

Naquele momento, insistimos em alertar para futuros escândalos na mineração, pois a exaltação ao nióbio feita por Bolsonaro não foi em vão. O então chefe do Executivo sempre insistiu em dizer que o nióbio é a salvação da economia brasileira.

Um mês depois, em julho de 2019, Davi Kopenawa, líder Yanomami, protestou contra a exploração do nióbio no território do seu povo. “Eu moro no pulmão do mundo, mas estão interessados em acabar com nossa mata, nossos rios, estão matando tudo. Mataram pelo ouro, agora para produzir bijuteria. O que vale isso aí?”, questiona, apontando para uma pulseira avaliada em 20 reais”, disse Kopenawa.

Detentor das maiores reservas globais de nióbio, o Brasil tem no território Yanomami a maior concentração do mineral, que vem sendo explorado ilegal e criminosamente por quadrilhas que contrabandeiam o produto para diversos países, com a conivência explícita do governo federal.

 
Dizimar a população Yanomami fazia parte do plano macabro de Bolsonaro e seus asseclas, que sempre se apresentaram como os únicos capazes de moralizar a política nacional. Com 30 mil integrantes, a população Yanomami convive em seu território com aproximadamente 20 mil garimpeiros clandestinos que exploram ouro ao arrepio da lei e poluem os rios e o solo da região com mercúrio, provocando diversas doenças nos indígenas e ribeirinhos.

Bolsonarista de quatro costados, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), é um dos braços do plano criminoso que visa eliminar o povo Yanomami e deixar o caminho livre para os garimpeiros criminosos.

Denarium sancionou duas leis que favorecem os garimpeiros clandestino. A primeira, em fevereiro de 2021, liberava todos os tipos de garimpo no estado com uso de mercúrio. A regra previa a liberação dos garimpos “independentemente de prévios trabalhos de pesquisa”.

Em setembro do mesmo ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou a lei inconstitucional. A Corte afirmou que a lei em questão contrariava o modelo federal de proteção ambiental e “representava afronta à competência da União para estabelecer normas gerais sobre a temática”.

No ano seguinte, em julho, sob intensa pressão de garimpeiros, incluindo um empresário local investigado pela Polícia Federal por dar apoio logístico ao garimpo na Terra Yanomami, o governador Antonio Denarium sancionou a segunda lei, que protegia o patrimônio de garimpeiros ilegais, proibindo que agentes de fiscalização destruíssem maquinários dos invasores ambientais, de autoria de um deputado estadual.

Como sempre reforçamos, a atividade política não concede espaço para coincidências, ou seja, qualquer decisão é previamente pensada e alimentada por interesses escusos. Em qualquer país minimamente sério e com autoridades responsáveis e ciosas de suas obrigações, Jair Bolsonaro e Antonio Denarium estariam presos preventivamente por genocídio, crimes ambientais e outros tantas transgressões.


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