As fortes chuvas que atingiram o Litoral Norte de São Paulo no último final de semana causaram ao menos 48 mortes e deixaram centenas de desabrigados, de acordo com boletim divulgado pelo governo paulista na terça-feira (21). Os fortes temporais provocaram deslizamentos, enchentes e interdições em rodovias.
O Brasil está diante de uma reprise da tragédia anunciada que acontece a cada verão em várias regiões, sem que as autoridades adotem medidas para evitar o pior. Na verdade, o que os governantes agora fazem de forma emergencial, para remediar o irremediável, deveria ter ocorrido no campo da precaução. Considerando que o Brasil é o paraíso do “faz de conta”, novas tragédias acontecerão nos próximos anos.
Foi decretado estado de calamidade pública nas cidades de São Sebastião, a mais atingida pelo fenômeno natural, Ubatuba, Ilhabela, Caraguatatuba, Bertioga e Guarujá. O governo de São Paulo também decretou luto oficial de três dias.
Segundo a Defesa Civil paulista, há 1.730 pessoas desalojadas – provisoriamente em casas de parentes ou amigos – e 766 desabrigadas – em abrigos públicos ou privados. Ao menos 40 pessoas estão desaparecidas.
Dados da Defesa Civil apontam que o volume de chuva entre sábado (18) e domingo (19) superou o esperado para todo o mês de fevereiro em três das quatro cidades mais atingidas do litoral norte do estado (São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba).
Lula sobrevoa áreas atingidas
Na segunda-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao litoral norte paulista e sobrevoou algumas das áreas afetadas pelos deslizamentos de terra. Em seguida, reuniu-se em São Sebastião com o governador Tarcísio de Freitas e o prefeito da cidade, Felipe Augusto.
Após a reunião, Lula afirmou que o governo federal concentrará esforços na recuperação dos trechos afetados da rodovia Rio-Santos e solicitou que a Prefeitura de São Sebastião indique um local seguro para a construção emergencial de moradias.
Freitas, por sua vez, pediu aos turistas que estão no Litoral Norte que não tentem voltar para capital no momento, devido aos vários pontos de bloqueios nas rodovias.
Encontrar um terreno disponível para a construção de casas populares é o maior desafio. Isso porque o turismo predatório e a especulação imobiliária empurraram morro acima os mais pobres, que passaram a viver em áreas de risco por mera falta de opção.
Alertas meteorológicos
Os meteorologistas emitiram diversos alertas sobre a ocorrência de fortes tempestades na região durante o feriado prolongado de Carnaval, mas autoridades e turistas ignoraram o fato, dando as costas para a iminente possibilidade de uma tragédia. Diante dos alertas, as autoridades deveriam ter fechado as rodovias que dão acesso à região e retirado as pessoas das áreas de risco.
Não se trata de violar o direito constitucional de ir e vir, mas de evitar ou minimizar uma tragédia. Além disso, o resultado da criminosa ocupação de trechos da Serra do Mar, que acontece há longas décadas, não poderia ser diferente.
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