Ao longo da campanha presidencial de 2018, afirmamos por diversas vezes que o então candidato Jair Bolsonaro era desprovido de estofo e competência para assumir cargo de tamanha responsabilidade e importância como a Presidência da República. Os últimos quatro anos provaram de forma inequívoca que nossas afirmações tinham fundamento.
Refugiado nos Estados Unidos desde dois dias antes do término do seu mandato, Bolsonaro tem se dedicado ao populismo chulo e barato, o que tem desanimado seguidores e aliados no Brasil.
Escolhido pela turba bolsonarista para eventualmente liderar a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente continua nos EUA por temer ser preso na esteira dos muitos inquéritos de que é alvo.
Nos EUA, Bolsonaro tem se dedicado a uma agenda incipiente e que nem de longe remete à condição de um outrora estadista. Há dias, Bolsonaro visitou o departamento de política do estado americano de Oklahoma, como esses compromissos servissem de sustentáculo para a extrema-direita brasileira.
No Brasil, muitos aliados têm revelado nos bastidores a decepção com Bolsonaro, que tão cedo não retornará ao País. Para corroborar a possibilidade de acabar preso, o ex-presidente tem outro problema no horizonte. O PL, partido ao qual é filiado, por enquanto não tem condições financeiras de custear o aluguel de um imóvel em Brasília para Bolsonaro. Em outras palavras, liderar a oposição é algo que ficará para depois.
Como se não bastasse o cenário acima descrito, o entourage do ex-chefe do governo brasileiro lançou na internet uma loja virtual para vender produtos que fazem referência ao pífio mandato de Bolsonaro.
O e-commerce bolsonarista oferece aos adeptos do ex-presidente um calendário de mesa de 2023 ao preço de R$ 49,90, além de outros produtos, como tábua de madeira para churrasco por R$ 109,90 e uma estatueta pelo mesmo valor.
Delírio, gramática e domínio
A iniciativa mostra mais uma vez que tínhamos razão quando afirmamos que Bolsonaro não tem cabedal para ser chefe de Estado. Além disso, lançar um calendário faltando dois dias para o terceiro mês do ano é no mínimo falta de planejamento.
Nas redes sociais, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho “03”, divulgou a loja virtual da família. “Quem conhece o passado consegue enxergar melhor o futuro. E é para manter vivo na sua memória os bons trabalhos do presidente Jair Bolsonaro que eu te convido a conhecer o calendário da Bolsonaro Store”, diz Eduardo em vídeo postado nas redes.
No site que abriga o e-commerce, a apresentação da loja virtual afirma que a iniciativa surgiu para “manter vivo na memória boa parte dos feitos” de Bolsonaro. Ultrapassa as fronteiras do delírio falar em “feitos” depois do genocídio no âmbito de uma pandemia que matou 700 mil brasileiros, da tragédia que se abateu sobre a terra Indígena Yanomami, dos elevados índices de desmatamento e de outros tantos absurdos.
Por outro lado, o site revela que a gramática não é o forte do clã Bolsonaro. Na frase “manter vivo na memória boa parte dos feitos” há um erro crasso de concordância. O correto é “manter viva na memória boa parte dos feitos”, pois “viva” faz concordância com “boa parte”.
Criado em 6 de fevereiro de 2023, o domínio “bolsonarostore.com.br” está registrado em nome da empresa Eduardo Bolsonaro Cursos Ltda., de propriedade do filho “03” do ex-presidente.
Na base da Receita Federal consta que a empresa Eduardo Bolsonaro Cursos está instalada na Rua José Versolato, 111 – Bloco B – conjunto 3319, o centro de São Bernardo do Campo, cidade conhecida como berço do sindicalismo e do petismo. No endereço, mais especificamente no conjunto 3319, funciona um escritório de contabilidade, que abriga inúmeras empresas.
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