Todo ser humano tem direito de externar suas emoções e angústias, mas em determinados casos é preciso avaliar a manifestação por conta dos possíveis efeitos colaterais das palavras. Esse cuidado é redobrado quando a manifestação parte de uma autoridade, um governante.
Em entrevista ao site de notícias Brasil 247, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, quando perguntado por promotores de Justiça, durante o período em que esteve preso na capital paranaense, se estava bem, respondeu que isso só seria possível quando “foder o Moro”. Aos entrevistadores, o presidente pediu que o citado trecho fosse excluído, o que não aconteceu.
Fazer jornalismo não é algo tão simples e fácil quanto ligar o ventilador em dia de calor extremo. É preciso avaliar as consequências do que será dito pelo entrevistado e sugerir que determinadas declarações, principalmente as comprometedoras, sejam em “off”.
A fala de Lula foi tirada de contexto – sabem os leitores que repudiamos esse argumento –, mas no caso em questão isso de fato ocorreu, em mais uma avalanche de delinquência intelectual da extrema direita brasileira. Os oportunistas agiram de forma criminosa ao trazer para o presente uma fala do passado, a qual deveria ter sido excluída da entrevista não apenas diante do pedido de Lula, mas em nome do bom jornalismo.
Considerando que o Brasil continua mergulhado em insana polarização, o bom-senso é imperioso. Lula, por sua vez, deveria evitar declarações polêmicas, em especial porque uma de suas promessas de campanha foi a pacificação do País. Não obstante, a declaração do presidente, mesmo que “em off”, foi irresponsável.
A condenação de Lula no âmbito da ação penal envolvendo um apartamento no Guarujá, cidade do litoral paulista, foi uma aberração jurídica, levada a cabo em nome de um espúrio e criminoso projeto de poder. Não por acaso, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, os farsantes da Operação Lava-Jato, exercem mandatos legislativos.
Não se trata de defender Lula, até porque não tempos procuração para isso e nem nos cabe tal papel, mas nosso compromisso é com a verdade dos fatos e com o incondicional respeito à legislação vigente no Brasil. Calar-se diante de uma condenação baseada apenas e tão somente em indícios é um atentado à democracia.
A reação de Moro
Ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, o foragido, Sérgio Moro reagiu à fala de Lula e mais uma vez provou o que sempre afirmamos: é desprovido de competência para ocupar o cargo de senador da República.
Sem perder a oportunidade e movido por um oportunismo nauseante, Moro disse que Lula tem fracassado porque prometeu aos eleitores “picanha e cerveja”, algo que na opinião do senador não está à disposição da população.
Se há alguém sem moral para fazer críticas à atual situação econômica do País, esse certamente é Sérgio Moro, que tornou-se associado da empresa que cuida da recuperação judicial do grupo Odebrecht, que ele, juntamente com Dallagnol, condenaram aos bolhões na esteira de delações premiadas suspeitas.
Crente que é a versão tropical e de camelô de Don Quixote, Moro deveria saber que as agruras econômicas enfrentadas pelos brasileiros é fruto das trapalhadas de Bolsonaro, que arrombou o cofre do tesouro Nacional para tentar comprar a reeleição, e do preconceituoso Paulo Guedes, o tal “Posto Ipiranga”.
Qualquer medida econômica só gera algum efeito, positivo ou negativo, pelo menos seis meses após ser adotada. Como Lula, que recebeu uma herança maldita em termos econômicos, não teve tempo para atuar de maneira a atender às necessidades da população, Moro deveria ficar calado, pois dessa forma é um poeta invejável.
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