Cabo de guerra entre Senado e Câmara por tramitação de MPs transforma o governo Lula em refém

 
A queda de braços entre os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL), respectivamente, sobre a tramitação de medidas provisórias no Congresso Nacional resulta da incapacidade do governo Lula de articular politicamente.

Durante a pandemia de Covid-19, quando as votações parlamentares se deram de forma virtual, as MPs deixaram de ser analisadas por uma comissão mista (Senado e Câmara) antes de seguirem para as comissões de mérito das duas Casas legislativas.

Com o arrefecimento da pandemia deveria prevalecer o que manda a Constituição Federal, ou seja, o modelo anterior de análise e votação. Arthur Lira decidiu fechar questão e manter a nova modalidade de análise das MPs, o que lhe garante concentração de poder, ou seja, maior poder de barganha nas negociações com o Palácio do Planalto.

Com a crise instalada, muitas ações do governo Lula, atreladas a Medidas Provisórias, correm sério risco. Não causará surpresa se Lira tentar mudar o texto constitucional, até porque controla os votos no plenário da Câmara dos Deputados, mas tal alteração depende do aval do Senado, onde a mudança dificilmente será aprovada.

 
Arthur Lira tem conhecimento dessa dificuldade, mas cria tumulto para aumentar a condição de refém do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está ansioso para cumprir algumas das muitas promessas de campanha.

Além disso, a briga entre Câmara e Senado passa obrigatoriamente por Alagoas, reduto político não apenas de Arthur Lira, mas também e principalmente do senador Renan Calheiros (MDB), aliado do governo que impôs derrota política ao grupo do adversário.

Há anos, o UCHO.INFO passou a alertar para o perigo que representava o esfacelamento do PSDB, partido que sempre funcionou como ponto de equilíbrio em meio à polarização. O processo de deterioração do tucanato ganhou força com João Dória Júnior, que para chegar ao governo paulista colocou a legenda nas franjas do radicalismo bolsonarista.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, o Congresso, sem cerimônia e escrúpulo, alargou ainda mais o balcão de negócios da política brasileira, impondo ao Palácio do Planalto um nível de dependência jamais visto. Com os parlamentares viciados no “toma lá, dá cá”, a possibilidade de Lula conseguir virar o jogo é mínima, principalmente se o presidente da República insistir em manter o núcleo duro na seara da ideologia.

Lula goza de vasta experiência política, além de ser hábil negociador, mas deixar a articulação do governo nas mãos de Alexandre Padilha é querer perder por antecipação. Essa tarefa deveria estar a cargo do senador Jaques Wagner (PT-BA), um dos poucos “companheiros” competentes.


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.