Alguém, sem conhecimento de causa, creditou ao marechal francês Charles de Gaulle a autoria da célebre frase “o Brasil não é um país sério”. Na verdade, a frase foi dita pelo diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza Filho ao jornalista Luís Edgar de Andrade, à época correspondente do “Jornal do Brasil” em Paris, à sombra incidente diplomático conhecido como “Guerra da Lagosta” – entrevero que surgiu por conta da pesca ilegal de lagostas por embarcações francesas no litoral do Nordeste brasileiro.
Crustáceos à parte e deixando De Gaulle e Souza Filho descansarem em paz, a questão é que o Brasil está a anos-luz de ser um país minimamente sério, como sempre afirmamos em diversas matérias.
Muito tem se falado sobre a insegurança jurídica existente no Brasil, em especial por causa da revogação de decisões oficiais passadas, discurso que tem sido entoado até mesmo pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira ((PP-AL), que na esteira de interesses escusos tenta se apresentar à opinião pública como o paráclito da moralidade nacional.
O introito acima serve para mostrar a barbaridade que os parlamentares estão pretendendo referendar nos próximos dias no Congresso Nacional. Trata-se de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê perdão aos partidos políticos que desrespeitaram a legislação eleitoral em 2022.
Quem conhece os bastidores do Parlamento brasileiro sabe o grau de putrefação da atividade política no País, mas, apesar de tudo, há quem defenda, inclusive na imprensa, os alarifes que fazem do mandato parlamentar um imundo balcão de negócios.
Políticos surrupiaram de forma escandalosa o dinheiro público por meio do criminoso orçamento secreto, forma que o governo anterior encontrou para conseguir apoio no Congresso, agora querem anistiar as respectivas legendas em casos que podem, inclusive, produzir punições severas.
Atordoada com a crise econômica deixada por Jair Bolsonaro e seu enfadonho “Posto Ipiranga” – leia-se Paulo Guedes –, a população parece não se importar com mais um escárnio que surge no horizonte, como se acompanhar de perto a atividade política não fosse importante e necessário.
Compactuar silenciosamente com essa manobra é empurrar ao precipício uma nação que há muito cambaleia à beira do despenhadeiro. Ou o brasileiro reage com rapidez e firmeza, ou cada cidadão deve aceitar ideia de que Carlos Alves de Souza Filho foi profético. Afinal, somente um povo irresponsável é capaz de aceitar de forma passiva que a legislação vigente seja alterada às pressas para proteger o transgressor.
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