Ricardo Salles defendeu “passar a boiada” no meio ambiente, agora foi escolhido relator da CPI do MST

     
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    Do início de 2019ao fim de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro trabalhou diuturnamente para empurrar o Brasil na direção do atraso, sempre com discursos envolvendo o nome de Deus, enquanto a corrupção corria solta nos subterrâneos do governo. a situação enfrentada atualmente pelos brasileiros é fruto de um golpista que, disposto a permanecer no poder, permitiu um sem-fim de absurdos.

    Uma das aberrações da gestão Bolsonaro ficou evidente na fatídica e nauseante reunião ministerial de 22 de abril de 2020, quando o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugeriu que o governo aproveitasse a dedicação da imprensa à pandemia para “passar a boiada”, em clara referência ao desrespeito à legislação ambiental.

    Dois meses depois da reunião da reunião palaciana, mais precisamente em 19 de maio, a atuação torpe de Ricardo Salles à frente da pasta ficou comprovada na esteira de uma investigação sobre a exportação de madeira ilegal para os Estados Unidos.

    Salles e mais dez servidores do ministério e do Ibama foram alvo da Operação Akuanduba, da Polícia Federal, cujo objetivo era apurar crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando por meio da exportação ilegal de madeira que teriam sido cometidos por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.

     
    Ricardo Salles foi conivente com criminosos que invadem áreas de floresta protegida para a extração ilegal de madeira, mas isso não foi suficiente para impedir que os eleitores paulistas evitassem a chegada do ex-ministro à Câmara dos Deputados. Salles foi eleito à sombra do golpismo cultivado por Bolsonaro e seus quejandos, movimento fermentado por uma parcela doente da sociedade.

    Como sempre afirmamos, o Brasil, ao longo de décadas, transformou-se no paraíso da impunidade, o que faz com que políticos criminosos abusem cada vez mais da ousadia. O mais recente desvario nessa terra de ninguém é a escolha de Ricardo Salles para o posto de relator da CPI do MST, instalada na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (17).

    Não é novidade para os leitores que CPIs servem de tatame para disputas entre governo e oposição, mas alguém que defendeu invasores de terras protegidas não poderia ser relator da comissão criada para investigar aqueles que ocupam áreas improdutivas para a produção de alimentos.

    O UCHO.INFO, sabem os que acompanham o nosso jornalismo, é defensor intransigente das regras constitucionais, ou seja, é contra qualquer transgressão legal, mas é inaceitável que tamanha aberração ocorra sem qualquer reação por parte da sociedade.

    A CPI do MST servirá apenas para desgastar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pois o chamado “telhado de vidro” de muitos bolsonaristas que integram a comissão é grande e pode quebrar a qualquer momento. A começar pelo telhado de Ricardo Salles. Ilha Bela, no litoral norte de São Paulo, que o diga!


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