Bolsonaristas podem fechar estradas, indígenas contra o marco temporal recebem bombas de efeito moral

 
Sabem os que acompanham o nosso jornalismo que somos ferrenhos defensores do estrito respeito à lei, aos mandamentos constitucionais e às regras democráticas. Em suma, somos adeptos confessos do Estado de Direito.

Sempre nos posicionamos contra o fechamento de vias públicas para a realização de protestos e manifestações, pois o direito de ir e vir é garantido pela Constituição Federal e deve ser respeitado em sua inteireza, sem qualquer bamboleio interpretativo. Também defendemos o direito à manifestacao, desde que preservados os direitos do cidadão.

Para que os leitores tenham conhecimento, desde o início condenamos com veemência a decisao de fechar da Avenida Paulista, em São Paulo, aos domingos e feriados, quando a principal via pública da cidade se transforma em área de lazer. A capital paulista é grande demais para que seja fechada a principal via de acesso aos dez mais importantes hospitais da cidade, talvez do País. A questao não é defender apenas o direito de ir e vir de cada cidadão, mas o direito à vida.

Também sabem os leitores que cobramos coerência, em especial nos casos em que está em jogo o interesse público. Em 2018, de 21 de maio a 1º de junho, caminhoneiros bloquearam as estradas brasileiras com o apoio criminoso do então deputado Jair Bolsonaro, que à época já estava em campanha à Presidência da República. Criticamos com firmeza, já que uma categoria não pode paralisar o País e comprometer a vida de mais de 200 milhões de pessoas. De olho nas urnas, as autoridades de então evitaram usar a força para liberar as estradas, apenas em casos pontuais e extremos.

 
No final de 2022, após a corrida presidencial, caminhoneiros e baderneiros bolsonaristas, com o apoio de empresários aduladores do golpista, paralisaram as rodovias em protesto contra o resultado das urnas. Surgia naquele momento o prefácio da tentativa de golpe, que fracassou em 8 de janeiro passado. Da mesma forma criticamos com firmeza a paralisação, assim como fizemos em relação aos ilegais acampamentos diante de quarteis militares. Em nenhum dos casos foi autorizado o uso da força para desobstruir estradas e desmontar os acampamentos golpistas.

Nesta terça-feira (30), a polícia paulista, a mando do governador Tarcísio de Freitas, o turista acidental no comando do mais importante estado brasileiro, usou força e bombas de efeito moral para dispersar 200 indígenas que bloqueram a Rodovovia dos Bandeirantes em protesto contra a votação do marco temporal, aprovado no plenário da Câmara dos Deputados horas depois.

Como citado anteriormente, somos contra o bloqueio de qualquer via pública, uma vez que o direito de ir e vir precisa ser respeitado, mas é necessário coerência no trato de situações semelhantes. Em outras palavras, não pode haver dois pesos para casos idênticos.

Se após a derrota de Jair Bolsonaro as estradas foram bloqueadas sem que as autoridades tivessem sinalizado qualquer intenção de uso da força para defazer os protestos, os indígenas que protestam contra o marco temporal merecem o mesmo tratamento. Por trás dessa medida absurda e discriminatória está o projeto político de Tarcísio de Freitas, que diante da possibilidade de Bolsonaro se tornar inelegivel sonha em concorrer ao Palácio do Planalto. Na política, como sempre afirmamos, o jogo é sujo e bruto.


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