Morre a escritora ucraniana Victoria Amelina, que documentava crimes de guerra

 
A premiada escritora ucraniana Victoria Amelina está entre os mortos em consequência de um ataque russo com míssil a um popular restaurante frequentado por jornalistas e trabalhadores humanitários em Kramatorsk, no leste da Ucrânia.

Amelina tinha 37 anos e é autora de romances traduzidos para vários idiomas. Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro do ano passado, ela havia expandido seu trabalho para além da literatura, documentando crimes de guerra russos, destaca comunicado divulgado no domingo (2) pela ONG PEN Ucrânia.

De acordo com a organização, de promoção da liberdade de expressão e da literatura ucraniana, Amelina morreu no último sábado num hospital da cidade de Dnipro devido a ferimentos sofridos no ataque russo, ocorrido em 27 de junho.

No dia do ataque, Amelina, que vinha documentando crimes de guerra russos junto à organização de direitos humanos Truth Hounds, estava em Kramatorsk com uma delegação de jornalistas e escritores colombianos. Eles estavam jantando num restaurante quando o local foi atingido por um míssil russo, deixando Amelina gravemente ferida, afirmou a ONG.

“Médicos e paramédicos em Kramatorsk e Dnipro fizeram tudo o que puderam para salvar sua vida, mas os ferimentos eram fatais e incompatíveis com a vida”, diz o comunicado.

A morte da escritora eleva para 13 o número de mortos no ataque a Kramatorsk, sede de instalações militares. Cerca de 60 pessoas ficaram feridas, de acordo com as autoridades ucranianas.

 
“Voz poderosa usada para investigar e expor crimes de guerra”

“Victoria Amelina foi uma célebre escritora ucraniana que usou sua voz distinta e poderosa para investigar e expor crimes de guerra após a invasão militar em grande escala da Ucrânia em fevereiro de 2022”, disse Polina Sadovskaya, diretora para a região da Eurásia na PEN America.

“Ela trouxe sensibilidade literária a seu trabalho, e sua prosa elegante descreveu, com precisão forense, o impacto devastador dessas violações dos direitos humanos na vida de ucranianos.”

Nascida na cidade de Lviv, no oeste do país, Amelina publicou seu primeiro romance em 2014, “The November Syndrome, or Homo Compatiens”, na tradução em inglês, que foi pré-selecionado para o prêmio ucraniano Valeriy Shevchuk.

Ela prosseguiu sua carreira escrevendo dois premiados livros infantis e, em 2017, seu romance “Dom’s Dream Kingdom” recebeu prêmios nacionais e internacionais, incluindo o Prêmio de Literatura da União Europeia.

Durante seus esforços recentes para documentar crimes de guerra russos, Amelina descobriu em Kapytolivka, no leste da Ucrânia, o diário de Volodimir Vakulenko, escritor ucraniano morto pelos russos, segundo a PEN Ucrânia.

Ela também começou a escrever seu primeiro trabalho de não ficção em inglês pouco antes de sua morte. Em “War and Justice Diary: Looking at Women Looking at War”, Amelina relata histórias de mulheres ucranianas que coletaram evidências de crimes de guerra russos. Espera-se que o livro seja publicado em breve, de acordo com a PEN Ucrânia. (Com agências internacionais)


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.