Presidente turco libera caminho para adesão da Suécia à OTAN

 
Após o presidente turco Recep Tayyip Erdogan apresentar nesta segunda-feira (10) uma nova e inesperada condição para a entrada da Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, declarou que a Turquia concordou em dar andamento ao pedido “o mais rápido possível”.

“O presidente Erdogan concordou em enviar o protocolo de adesão da Suécia ao Parlamento da Turquia o mais rápido possível e trabalhar pela sua aprovação”, afirmou Stoltenberg a jornalistas em Vilnius, capital da Lituânia, após se reunir com Erdogan e o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson.

Mais cedo, falando a repórteres pouco antes de embarcar para a reunião de cúpula da OTAN em Vilnius, a ser realizada nesta terça e quarta-feira, Erdogan havia condicionado sua luz verde à Suécia à retomada do processo de admissão da Turquia na União Europeia.

“Quase todos os membros da OTAN são membros da UE. Eu agora me dirijo a esses países que têm feito a Turquia esperar por mais de 50 anos”, afirmou Erdogan a repórteres em Istambul. “Abram caminho para a adesão da Turquia à União Europeia. Nós pavimentaremos o caminho para a Suécia, assim como fizemos para a Finlândia, quando vocês pavimentarem o caminho para a Turquia.”

A Turquia é candidata à adesão à UE em um processo iniciado formalmente em 1999, mas as negociações estão na geladeira desde 2016 devido, principalmente, a disputas com um país do bloco, o Chipre, e retrocessos democráticos durante a presidência de Erdogan. Por esses motivos, uma ampliação da União Europeia em favor de Ancara é tida como improvável. A Turquia, porém, é tida como crucial para o gerenciamento da crise migratória – o país na intersecção entre o Oriente Médio e a Europa recebeu 3,6 milhões de refugiados sírios.

 
Declaração de Erdogan gerou incerteza

Foi a primeira vez que Erdogan associou a ambição de seu país de ingressar no bloco europeu com os esforços da Suécia para se tornar membro da OTAN.

Os suecos são candidatos ao 32º assento da aliança militar, mas foram bloqueados pela Turquia sob pretextos diversos.

Algo parecido aconteceu durante o processo de adesão da Finlândia à OTAN, concluído em abril. Antes neutros militarmente, os dois países nórdicos solicitaram a adesão à OTAN no ano passado após a Rússia invadir a Ucrânia.

A Suécia argumenta que cumpriu sua parte do acordo ao atender às demandas de Ancara, o que incluiu a suspensão de embargos para fornecimento de armas à Turquia, leis antiterrorismo mais duras e medidas contra o PKK, o partido trabalhista curdo, que tem liderado levantes na Turquia desde os anos 1980.

Uma série de protestos anti-Turquia e anti-Islã na capital da Suécia chegou a lançar incertezas adicionais sobre o processo. Além da Turquia, outro país de viés autoritário, a Hungria, ainda precisa autorizar a adesão da Suécia à OTAN. (Com agências internacionais)