No quarto depoimento prestado à Polícia Federal desde que deixou o cargo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou ter conhecimento de um plano golpista para invalidar as eleições e mantê-lo no poder, conforme relatado pelo senador e outrora aliado Marcos do Val (Podemos-ES).
O senador veio a público no início do ano para relatar uma reunião que teria tido com o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e o então presidente para discutir uma ideia: gravar uma conversa com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes para tentar incriminá-lo e anular a votação que sagrou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencedor.
Bolsonaro confirmou que se reuniu com a dupla em 08 de dezembro do ano passado, no Palácio da Alvorada, mas negou ter participado do plano.
“Nada aconteceu no dia, até porque eu não tinha nenhum vínculo com o senhor Marcos do Val. Que eu me lembre, eu nunca tive uma reunião com ele, nunca o recebi em audiência, a não ser talvez em fotografia, que é muito comum entre nós”, afirmou a jornalistas na saída da PF.
“Nada foi tratado, não tinha nenhum plano”, insistiu Bolsonaro, insinuando que as oitivas seriam uma tentativa de constrangê-lo. “Por que eu ia articular alguma coisa com o senador?”
Questionado sobre o conteúdo da reunião, disse ainda que teria sido para tratar da filiação de senadores ao PL, e que o nome do ministro Moraes sequer teria sido mencionado.
Porém, de acordo com a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da “Folha de S.Paulo”, Do Val teria mandado uma mensagem a Moraes após a reunião em que incriminava Silveira e poupava Bolsonaro. O conteúdo dessa conversa com o ministro foi salvo por Do Val e encaminhado a Bolsonaro, que teria reagido com um lacônico: “Coisa de maluco”.
Ainda segundo o jornal, o presidente teria dito em depoimento à PF ter ouvido de Silveira que o senador Do Val “teria algo para mexer com a República”.
Jair Bolsonaro, como sempre afirmamos nos últimos dois anos, é, além de golpista, covarde conhecido. Somente um desavisado acreditou que o ex-presidente afirmaria à PF que durante o encontro foi um plano para tumultuar o resultado da eleição presidencial e impedir a posse de Lula.
Marcos do Val sob investigação
O senador capixaba é investigado por suspeita de falso testemunho após dar versões diferentes sobre o suposto golpe articulado por Silveira com a conivência do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e, também, por suspeita de obstruir investigações sobre o 8 de janeiro.
Primeiro, o senador afirmou que Bolsonaro tentou coagi-lo a dar um golpe para se manter no poder a despeito da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Depois, a jornalistas, atenuou a acusação dizendo que o ex-presidente teria apenas ouvido a conversa.
Bolsonaro: quarto depoimento à PF e inelegibilidade
Até agora, o ex-presidente já depôs sobre os atos antidemocráticos, sobre as joias sauditas e a suspeita de fraudes em certificados de vacinação contra a Covid-19. Recentemente, Bolsonaro foi declarado inelegível por oito anos por promover ataques ao sistema eleitoral brasileiro durante uma reunião com embaixadores estrangeiros. (Com agências de notícias)
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