O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou nesta segunda-feira (31) que uma intervenção policial de grande porte em uma comunidade no Guarujá neste fim de semana deixou oito mortos.
As mortes ocorreram durante uma megaoperação da Polícia Militar em reação ao assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, da Rota, uma força de elite da PM paulista, na cidade do litoral paulista.
Mais cedo, a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo havia informado que a ação da PM iniciada na última sexta-feira (28) havia provocado ao menos dez mortes, com duas outras a serem confirmadas.
O ouvidor Claudio Aparecido da Silva citou relatos de testemunhas que afirmam que os policiais torturaram e mataram um homem e ameaçaram de morte outras 60 pessoas nas comunidades.
Em entrevista coletiva, Tarcísio de Freitas e secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, disseram que as mortes ocorreram durante confrontos com a polícia no decorrer da operação. Quatro das vítimas foram identificadas.
No dia anterior, o governador paulista afirmou em postagem nas redes sociais que o suspeito de atirar no policial havia sido capturado, e que três envolvidos no crime já estavam presos. “A justiça será feita. Nenhum ataque aos nossos policiais ficará impune”, declarou.
O suspeito de ser o autor dos disparos foi identificado como Erickson David da Silva, de 28 anos. Ele é acusado de ser um atirador “sniper” dos traficantes locais. Silva foi capturado na zona sul de São Paulo na noite de domingo.
Horas antes, Silva gravou um vídeo pedindo que Tarcísio e Derrite parassem com a “matança” e disse que iria se entregar à polícia. Ele afirmou que estava sendo acusado de algo com o qual não teria “nada a haver”.
Baleado durante uma patrulha
Na noite de quinta-feira, o soldado Patrick Bastos Reis patrulhava uma área próxima à comunidade da Vila Zilda quando foi atingido a tiros no tórax. O disparo teria sido feito a uma distância de mais de 50 metros.
Ele foi levado para um pronto-socorro na região, mas não resistiu. Outro policial foi baleado na mão esquerda e encaminhado para um hospital.
De acordo com a Ouvidoria, policiais mataram ao menos dez pessoas durante a chamada Operação Escudo no Guarujá, sendo que o número de óbitos pode ser ainda maior. O ouvidor afirmou à emissora Globonews que informações dão conta de que outras duas mortes teriam ocorrido, o que ainda está sendo verificado.
Morador morto com nove tiros
O vendedor ambulante Felipe Vieira Nunes, de 30 anos, teria sido morto no primeiro dia da operação com nove tiros. Sua família o teria encontrado com um corte no braço, queimaduras de cigarro e um ferimento na cabeça.
Moradores nas proximidades relataram ter ouvido gritos durante a prática de tortura e gritos de Nunes pedindo para não morrer. As testemunhas afirmam ter visto o corpo do vendedor ser jogado no porta-malas de uma viatura da PM.
Nunes havia informado a família que sairia de casa, em razão de um suposto aviso da polícia à comunidade de que pessoas com passagem na polícia ou com tatuagem seriam mortos. O vendedor já havia sido detido por roubo, mas segundo três pessoas ouvidas pelo jornal “Folha de S.Paulo”, ele havia abandonado as atividades criminosas.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) afirma que até o momento não foi constatado abuso policial e assegurou que todas as denúncias serão investigadas.
Silva disse que a Ouvidoria requisitará as imagens das câmeras corporais que os policiais supostamente teriam utilizado na operação para averiguar se houve alguma ação ilegal por parte dos agentes.
A Operação Escudo está programada para durar um mês e envolve policiais dos 15 batalhões de operações especiais do Estado. Ao todo, são cerca de 3 mil PMs e pelotões de Choque e do efetivo local. (Com agências de notícias)
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