No rastro de escândalos, militares e políticos se distanciam de Bolsonaro de forma sistemática

 
Os desdobramentos do criminoso escândalo das joias e do fracassado plano golpista têm piorado a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, sem sucesso, tenta se esquivar dos imbróglios alegando inocência.

Bolsonaro prestará depoimento à Polícia Federal na quinta-feira (31), ocasião em que responderá a perguntas sobre o intrincado caso das joias. De forma simultânea, a PF também tomará o depoimento de Michelle Bolsonaro, Frederick Wassef, Mauro César Barbosa Cid, Mauro Lourena Cid, Osmar Crivelatti e Fábio Wajngarten, todos na mira das investigações.

Ambos os casos (joias e tentativa de golpe) têm imposto a Bolsonaro um abandono quase sistemático por parte de aliados políticos e militares de alta patente. O abandono político era questão de tempo e se explica pelo fato de o palanque para as eleições municipais de 2024 estar em fase de montagem. Nenhum político deseja manter a própria imagem atrelada à de Bolsonaro, pois as urnas são impiedosas, em especial quando escândalos ainda estão em processo de fermentação.

Para ilustrar esse descolamento de imagens, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que há dias, em tom de deboche, disse que lançaria uma linha de joias (“Mijoias”), foi aconselhada a deixar as brincadeiras de lado, já que seu irmão, Diego Torres Dourado, é assessor especial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Não por acaso, Tarcísio diminuiu as enfáticas defesas que faz de Bolsonaro.


 
O nome de Diego Dourado havia caído no esquecimento, mas a peçonha que que circula pelos corredores do Palácio dos Bandeirantes tratou de colocá-lo na linha de artilharia. Mensagens de WhatsApp identificadas no celular de Mauro Cid mostram que Marcelo Câmara, assessor do então presidente da República, pergunta ao ex-ajudante de ordens sobre “a situação de uma mala que o irmão de dona Michelle teria falado”. Em suma, Dourado está sendo arrastado para o olho do furacão.

A tal mala continha esculturas recebidas por Bolsonaro do governo Bahrein, como uma palmeira e um barco de ouro, e foi despachada para os Estados Unidos, onde os presentes oficiais das autoridades do Oriente Médio seriam vendidos. Quem acertou a entrega da mala com Mauro Cid, de acordo com as investigações foi justamente o irmão de Michelle.

No campo militar, as Forças Armadas, principalmente o Exército, tentam se afastar dos escândalos, com o intuito de desfazer a ideia de que estão envolvidas, como um todo, nos casos que têm Bolsonaro na proa.

Alguns generais ajudaram a engrossar o plano golpista de Bolsonaro, enquanto Mauro Cid, Lourena Cid e outros fardados trataram de jogar a força terrestre no bojo do escândalo das joias. Querer se desvencilhar dos dois escândalos de uma só vez é tarefa árdua.

Em 25 de agosto, Dia do Soldado, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, disse que todos os militares que cometeram transgressões devem ser punidos. Isso significa que tenente-coronel Mauro Cid e o general da reserva Lourena Cid foram atirados aos leões. Isso explica a insistência da família Cid para que o ex-ajudante de ordens faça delação premiada para minimizar a pena que está a caminho.


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