Prêmio Nobel de Literatura vai para o norueguês Jon Fosse

 
O Prêmio Nobel de Literatura de 2023 foi atribuído ao escritor norueguês Jon Fosse, de 64 anos, anunciou nesta quinta-feira (5) a Academia Sueca.

Ele recebeu o prêmio por “suas peças e prosa inovadoras que dão voz ao indizível”, afirmou a Academia. “Apesar de ser um dos mais representados dramaturgos no mundo, também se tornou crescentemente reconhecido pela prosa.”

Além de cerca de 40 peças, o autor publicou romances, ensaios, coletâneas de poesia e uma série de livros infantis ao longo de quatro décadas.

De acordo com a editora, a obra de Fosse já foi traduzida em mais de 40 idiomas, e houve mais de mil diferentes produções de suas peças. Ele tem dois romances publicados no Brasil, “É a Ales” e “Melancolia”, e em outubro será lançado “Brancura”.

Em entrevista à agência de notícias Reuters após o anúncio nesta quinta-feira, Fosse afirmou que ganhar o Nobel é ao mesmo tempo impressionante e assustador: “Estou maravilhado e um tanto assustado. Vejo isso como um prêmio à literatura que, antes de tudo, pretende ser literatura, sem outras considerações.”

Fosse, que escreve na menos comum das duas versões oficiais do idioma norueguês, afirmou considerar o Nobel um reconhecimento dessa língua e do movimento que a promove, e disse que devia o prêmio ao próprio idioma.

 
Conhecida como “novo norueguês” e usada por apenas 10% da população da Noruega, a versão de Fosse da língua foi desenvolvida no século 19 com dialetos rurais em sua base, tornando-se uma alternativa ao uso dominante do dinamarquês após uma união de 400 anos com a Dinamarca.

Fosse já era cotado como um dos possíveis laureados em 2023, assim como seu conterrâneo Karl Ove Knausgard. Este foi, inclusive, aluno de Fosse na Skrivekunstakademiet (Academia da Arte da Escrita) em Bergen. O professor aparece brevemente em Minha luta, série de seis romances autobiográficos que tornou Knausgard um dos autores mais importantes da Noruega.

Polêmicas do Nobel de Literatura

Em 2022, o Nobel de Literatura foi entregue à escritora francesa Annie Ernaux, conhecida por seus romances autobiográficos e livros de memórias, em geral bastante curtos e baseados em experiências de classe e gênero.

No ano anterior, o laureado havia sido o escritor tanzaniano Abdulrazak Gurnah. Ele foi apenas o sexto premiado com raízes africanas – o Nobel foi frequentemente criticado por priorizar autores europeus e americanos, a maioria, homens: só há 17 mulheres entre os mais de 100 laureados.

Tanto o prêmio de 2021 quanto o de 2020, entregue à poeta americana Louise Glück, se seguiram a anos de controvérsia e escândalos envolvendo o Nobel de Literatura.

Em 2018, a entrega foi adiada após alegações de um escândalo sexual no âmbito do movimento #MeToo terem abalado os 18 membros da Academia Sueca, que organiza o Nobel de literatura, causando êxodo de vários de seus membros.

A organização superou o período, mas voltou a ser criticada em 2019 por entregar o Nobel de Literatura ao romancista austríaco Peter Handke, controverso devido a acusações de apologia de crimes de guerra na Sérvia. (Com agências internacionais)


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