Caso Marielle: Bolsonaro diz estar “aliviado” após detalhes de delação, mas investigação continua

 
Na terça-feira (23), após ser divulgada a informação de que Ronie Lessa, acusado de atirar contra Marielle Franco e Anderson Gomes, teria apontado Domingos Frazão como mandante do crime ocorrido em fevereiro de 2018, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou estar aliviado.

“Para mim, é um alívio. Bota um ponto final nessa história. Em 2019, tentaram me vincular ao caso e me apontar como mandante do crime. Teve o tal do porteiro tentando vincular a mim [Lessa e Bolsonaro moravam no mesmo condomínio, na Barra da Tijuca, no Rio]. Eu estava na Arábia na ocasião e fui massacrado”, disse o golpista.

Primeiramente é preciso destacar que Bolsonaro tem aversão ao próprio veneno. Afinal, ele e sua turba de tudo fizeram para responsabilizar partidos de esquerda pelo ataque a faca que o então presidencial sofreu, em setembro de 2018, na cidade mineira de Juiz de Fora.

Depois que deixaram a Polícia Militar do Rio de Janeiro, Ronie Lessa e Élcio Queiroz passaram a atuar no submundo do crime, em especial no terreno das milícias. Não se pode ignorar o fato de que Bolsonaro já externou publicamente seu apreço pelas milícias do Rio de Janeiro, homenageadas na Assembleia Legislativa fluminense (Alerj) pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro, agora senador.


 
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Considerando que são verídicas as alegadas tentativas de vincular Jair Bolsonaro ao caso na condição de mandante, o ex-presidente deveria ter processado criminalmente seus acusadores. Se não o fez foi por desleixo ou problema de consciência, pois afinal Bolsonaro, que na ocasião estava presidente da República, tinha à disposição os órgãos federais de investigação (Polícia Federal e Abin).

Bolsonaro só poderá falar em “alívio” quando a delação de Ronie Lessa for homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e os investigadores conseguirem comprovar as informações fornecidas pelo delator. Até lá, todos são suspeitos.

A afirmação de Domingos Brazão de que é inocente e sequer conhecia Marielle Franco, Anderson Gomes, Ronie Lessa e Élcio Queiroz deveria preocupar todos os suspeitos. Além disso, Brazão afirmou que Lessa citou seu nome para proteger alguém envolvido no crime. Por conta desse detalhe, Bolsonaro deveria abandonar o discurso de “alívio”.

O que temos visto na grande imprensa é um desmedido sensacionalismo midiático, sem que os veículos de comunicação deem ao caso tratamento ético e responsável, como manda o bom jornalismo. Assim como na Lava-Jato, está prevalecendo a obsessão pela notícia exclusiva.


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