“Abin paralela”: investigação da PF deixará clã Bolsonaro em má situação com aliados políticos

     
    O escândalo da “Abin paralela” ainda há de arrastar muita gente para o olho do furacão. Esse aguardado movimento comprova que o UCHO.INFO não errou quando passou a usar o termo “golpista” para se referir a Jair Bolsonaro.

    Novo diretor-ajunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Marco Cepik afirmou nesta quarta-feira (31) que todos os indícios apontam na direção de um sistema paralelo de espionagem que funcionou ilegal e criminosamente durante o governo Bolsonaro.

    “O avanço das investigações aponta para isso [existência da Abin paralela]. Temos que aguardar o final do processo investigatório nas três instâncias administrativas e criminal, para verificar a comprovação não só sobre se houve, mas sobre quem estava ali. Todos os indícios que se tem é de que havia, sim”, declarou Cepik em entrevista à GloboNews.

    “Não pode fazer condutas que violem a informação privada do cidadão. Ela [a Abin] não monitora pessoas, não bisbilhota a vida das pessoas. Se isso aconteceu, e é isso que está sendo apurado, é claramente um desvio de função”, completou o novo número 2 do órgão.

    Por outro lado, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) dá mostras que herdou do pai um traço de personalidade: a covardia. Alvo da Operação Vigilância Aproximada, da Polícia Federal, Carlos divulgou nota nesta quarta-feira em que nega qualquer ligação com a Abin.

    “O Vereador Carlos Bolsonaro esclarece que na segunda-feira, dia 29, a sua defesa protocolou no Supremo Tribunal Federal o pedido de acesso aos autos da investigação que deu origem à operação da Polícia Federal deflagrada naquele mesmo dia”, enfatiza o comunicado.

    “O Vereador Carlos Bolsonaro reitera que não possui qualquer ligação com a ABIN e tampouco solicitava e/ou recebia de pessoas vinculadas à agência qualquer tipo de informação e dados de terceiras pessoas”, informa.

    “Cabe, por fim, destacar que o Vereador Carlos Bolsonaro repudia as falsas informações que são amplamente divulgadas por parte da imprensa e juntamente com sua defesa técnica, oportunamente, se manifestará sobre todas as questões relacionadas à operação”, encerra a nota, que por certo foi redigida por seus advogados.


     
    Seria surpreendente se Carlos Bolsonaro admitisse publicamente que tinha ligação com a Abin e utilizou o órgão de inteligência do Estado brasileiro para montar um sistema criminoso de espionagem, em nome de projeto golpista de poder.

    O filho “02” de Jair Bolsonaro pode faltar com a verdade, já que a Constituição garante ao cidadão não produzir provas contra si, mas não se pode colocar em xeque a idoneidade do general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz, que ocupou a Secretaria de Governo e alertou Bolsonaro para o perigo de se levar adiante o plano de criar uma “Abin paralela”.

    Em que pese o fato de parte da população não ter simpatia pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ele, que é relator do caso em questão, jamais autorizaria uma operação da PF sem estar respaldado em um cipoal de provas.

    A negativa de Carlos Bolsonaro e o discurso de perseguição política entoado pela horda bolsonarista têm uma explicação: a “Abin paralela” monitorou não apenas autoridades e adversários políticos de Jair Bolsonaro, mas também aliados do então presidente. Quando o deputado federal Alexandre Ramagem, o araponga de plantão, soltar a voz, o castelo bolsonarista virá abaixo.

    Faz-se necessário lembrar que Jair Bolsonaro, que ao longo de quatro anos ameaçou a democracia de forma sistemática, sempre afirmou que jogava “dentro das quatro linhas da Constituição”. Talvez Bolsonaro tenha confundido a Carta Magna brasileira com a da Venezuela, onde o ditador Nicolás Maduro persegue adversários.


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