Golpista inveterado, Jair Bolsonaro chega a ser patético ao dar explicações sobre as sandices que comete. Quando fugiu para o estado norte-americano da Florida, faltando poucos dias para o fim do mandato presidencial, o então presidente transferiu R$ 800 mil para um banco dos Estados Unidos.
No âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga o grupo palaciano que arquitetou um golpe de Estado, mas fracassou, a Polícia Federal afirma que a transferência do dinheiro (US$ 130 mil à época) deixa claro que Bolsonaro aguardaria em território americano a investida criminosa contra a democracia.
“Evidencia-se que o então presidente Jair Bolsonaro, ao final do mandato, transferiu para os Estados Unidos todos os seus bens e recursos financeiros, ilícitos e lícitos, com a finalidade de assegurar sua permanência do exterior, possivelmente, aguardando o desfecho da tentativa de golpe de Estado que estava em andamento”, destaca documento da PF, após quebra do sigilo bancário do ex-presidente.
Ao longo de quatro anos, até o apagar das luzes do pior governo da história nacional, Bolsonaro atacou de forma covarde e criminosa a imprensa brasileira, mas agora, acuado pelas investigações, concede entrevistas com facilidade canhestra. Considerando que a população tem memória curta e não dá importância a temas políticos, Bolsonaro tenta vender a falsa imagem de perseguido.
Em entrevista à jornalista Roseann Kennedy, da “Coluna do Estadão”, Bolsonaro alegou que a transferiu o valor acima “por temer derrocada da poupança no Brasil”. “Eu mandei o dinheiro acreditando na derrocada completa da poupança no Brasil”, disse o golpista.
Para reforçar a absurda declaração, Bolsonaro afirmou que “muita gente mandou dinheiro para fora após as eleições”. Tal informação ele diz ter obtido junto a funcionários do banco que operou a transferência do dinheiro. “O pessoal me disse que o volume de dinheiro enviado por brasileiro após as eleições multiplicou por três”, disse.
Não apenas Bolsonaro enviou dinheiro às pressas para os Estados Unidos. Ex-ajudante de ordens da Presidência da República e integrante do grupo que planejou o golpe, o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid enviou R$ 300 mil para os EUA, no início de janeiro de 2023.
Na ocasião, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou transação bancária “atípica” de Mauro Cid, De acordo com o órgão, a transação apontava para uma “tentativa de burla fiscal ou ocultação de patrimônio”.
Em qualquer país sério, Bolsonaro e Mauro Cid estariam presos e respondendo por golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. O escândalo das joias presenteadas por autoridades estrangeiras e contrabandeadas e vendidas ilegalmente no exterior já caiu no esquecimento, mas pode ser a fonte de recursos usados para custear parte do plano golpista.