A situação do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, não é das melhores. Aliás, a situação do outrora “faz tudo” do Jair Bolsonaro deve piorar com o avanço das investigações no âmbito da Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal.
Preso na esteira do escândalo de falsificação de certificados de vacinação contra Covid-19, Cid foi colocado em liberdade condicional por conta de acordo e colaboração premiada, que envolveu não apenas o caso que embasou a decretação de prisão, mas principalmente o fracassado plano de golpe engendrado por Bolsonaro.
Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão no escopo Operação Tempus Veritatis, a PF encontrou na residência de Mauro Cid arquivos que comprovam o plano de golpe. O ex-ajudante de ordens omitiu dos investigadores a gravação da reunião ministerial de julho de 2022, quando o então presidente discutiu detalhes do golpe. Cid também não citou nos depoimentos à PF uma reunião de Bolsonaro com empresários que cobravam uma “virada de mesa” nas eleições.
De acordo com Cid, os empresários reuniram-se com Bolsonaro em 7 de novembro de 2022 para tratar do plano golpista. À época, Lula já estava eleito. A PF obteve arquivo com diálogo entre Cid e o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, no qual o tenente-coronel deu detalhes da reunião. Cid tinha o hábito de manter Gomes atualizado sobre as tratativas golpistas discutidas no Palácio do Planalto.
“Na conversa que ele teve depois com os empresários, ele estava, tava o Hang, estava aquele cara da Centauro, estava o Meyer Nigri. É, estava o cara do Coco Bambu também, ele também. Tipo, quem falou, ó… O governo Lula. Vai, vai, vai, vai cair de podre, né? Pessoal ficou um pouco de moral baixo porque os empresários estavam querendo pressionar o presidente a pressionar o MD a fazer um relatório, né, duro né? Pra virar jogo, aqueles negócios”, afirmou Mauro Cid no áudio.
Ao omitir informações importantes, Mauro Cid violou os termos do acordo de delação, que pode ser anulado pela Justiça a qualquer momento, resultando na perda de benefícios, como, por exemplo, redução de eventual pena ou até mesmo a não condenação.
Independentemente da não observância dos termos do acordo de delação, o Estado tem obrigação de dar proteção ininterrupta a Mauro Cid e à sua família, pois, sabem os brasileiros de bem, que no contraponto há pessoas que não têm limites quando são traídos e expostos à Justiça.
Não se pode esquecer o polêmico caso do miliciano Adriano da Nóbrega, que emplacou a mãe e a esposa no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), além de ter atuado para facilitar o esquema criminoso das “rachadinhas”, operado por Fabrício Queiroz. Adriano foi executado no interior da Bahia, em 9 de fevereiro de 2020. Alguns alegam que ele foi alvo de operação conjunta das polícias baiana e fluminense, mas até hoje a morte do miliciano está envolta em mistério.
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