Teses sobre o Brasil contemporâneo

(*) Gisele Leite

Sim, o país possui contornos dramáticos e a tensão bipolar só agrava a situação. Há variados fatores combinados que ditam o cenário atual. E, ganham protagonismo com a mídia. A famélica manipulação das massas amplia a exposição da miséria intrínseca.

A polarização cristaliza as posições ideológicas e políticas, principalmente na estipulação o grupo A contra o grupo B, bem versus mal. Enfim, nada é tão romântico e óbvio. É fato que alguns possuem estranha saudade da ditadura militar… Muitos, porque sequer a vivenciaram.

Outros, por mera ignorância ou cobiça por lucros maiores. Realmente, a descrença e o medo na política brasileira são grandes aliados para o espectro da direita brasileira. Afinal, a descrença cede vez e lugar para a salvação divina ou o surgimento de um salvador da pátria.

Diante da crise só resta atacar a democracia, as liberdades e, principalmente, o sistema político como um todo. Aliás, as forças neofascistas possuem o especial dom de manipular o medo como principal método político. Afinal, os neofascistas são valentes, são agressivos e usam a violência simbólica e a real, para se imporem.

No fundo, o medo é funcional e útil. E, assim, chegam ao limite de apoiar Golpe de Estado, a formação de ditaduras sanguinárias e cruéis que são capazes de destruir todos os inimigos, e implantarem sua moral e bons costumes.

Durante a pandemia, tivemos pérolas do tipo “a covid é só uma gripezinha” … e outras tantas… que nos fazem sentir como os miseráveis mais infelizes do mundo. O uso da desinformação, das fake news e, outras tantas técnicas auspiciosas são recorrentes e as denúncias apesar de pródigas e regulares não conseguem impedi-lo.

A luta ideológica é mesmo uma luta de classes, uma luta política e, principalmente, econômica, a experiência concreta e educativa das lutas. Afinal, há também um vasto terreno para disputar e lutar na batalha das ideias. No Brasil profundo ainda lutamos por saneamento básico, por educação pública suficiente para atender ao povo. A grande mídia está dividida e a apuração dos reais fatos se faz cada vez mais necessária. Vencer o caos pretendido do neoliberalismo requer muita força e consciência, e, nossa estranha vocação nacional para ditaduras ainda permanece viva. Infelizmente.

O debate e a construção de um Projeto Nacional de desenvolvimento capaz de articular o enfrentamento às dívidas históricas com os setores mais vulneráveis em questões de trabalho e renda, moradia, acesso à educação, saúde, cultura, com a construção de um caminho para combater a condição de país agro-minério-exportador de commodities. Diante do cenário, intriga-me descobrir como pedir desculpas em tupi-guarani.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

As informações e opiniões contidas no texto são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo obrigatoriamente o pensamento e a linha editorial deste site de notícias.


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.