Lula abusa da irresponsabilidade e afronta a coerência ao defender ditador venezuelano

 
A defesa de uma ideologia é tarefa que exige muito mais responsabilidade e coerência do que fidelidade aos respectivos dogmas. Além disso, que fizer a defesa ideológica, mesmo que de maneira subliminar, não pode ignorar a contemporaneidade dos fatos.

Questionado sobre a eleição presidencial na Venezuela, agendada pelo ditador Nicolás Maduro para 28 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avançou a passos largos sobre o terreno da delinquência intelectual. Em resposta aos jornalistas, Lula comparou a oposição ao tiranete venezuelano à liderada aqui no Brasil por Jair Bolsonaro e seus capachos golpistas.

Como cidadão, Lula tem o direito de defender o que quiser, mas não condição de chefe de Estado tem o dever não atropelar a coerência. O presidente brasileiro sabe que as eleições na Venezuela são criminosamente manipuladas desde os tempos do finado Hugo Chávez, processo que sedimentou o caminho para o totalitarismo bolivariano.

Comparar os opositores de Maduro aos que, liderados por Bolsonaro e sua súcia, fazem oposição ao governo e ao presidente Lula é prova inconteste de ignorância política ou de comprometimento intelectual.


 
Se o objetivo de Lula é conquistar espaço no cenário internacional, o melhor a se fazer para manter o projeto em marcha é rever os discursos, pois defender Nicolás Maduro e seu bando é, em termos políticos, um tiro no pé.

Convocar eleições, como faz Nicolás Maduro, não significa que o processo eleitoral será transparente e lícito, a exemplo dos anteriores, quando adversários foram excluídos das corridas presidenciais por motivos inventados pela ditadura venezuelana. Lula sabe que Maduro não tem apreço pela democracia e age de maneira covarde e truculenta, usando a corrompida máquina do Estado, para manter-se no poder.

Principal ameaça política ao ditador venezuelano, a oposicionista María Corina Machado venceria a disputa pelo Palacio Miraflores se as eleições fossem hoje, com 70% dos votos. Porém, María Corina foi inabilitada pela corregedoria da Venezuela para disputar a eleição, sob o argumento de corrupção e apoio a medidas econômicas contra o país. A Suprema Corte, dominada por Maduro, ratificou a decisão da corregedoria.

A rejeição ao governo de Nicolás Maduro é tamanha – aproximadamente 80% –, que qualquer candidato de oposição indicado por María Corina Machado venceria a disputa eleitoral também com 70% dos votos.

O modelo venezuelano que Lula defende por questões ideológicas é o mesmo que Bolsonaro tentou implantar no Brasil, mas fracassou: uma ditadura travestida de democracia.


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