Criador de “O Menino Maluquinho”, cartunista Ziraldo morre aos 91 anos, no Rio de Janeiro

 
O escritor e cartunista Ziraldo Alves Pinto, um dos maiores nomes da literatura infanto-juvenil brasileira, morreu neste sábado (6), aos 91 anos, informou a família do artista. Ele morreu dormindo, em sua residência no Rio de Janeiro, por volta das 15h (horário local).

Ziraldo ficou conhecido por criar personagens célebres, como o “Menino Maluquinho” e a “Turma do Pererê”. Suas qualificações profissionais são muitas, tendo criado charges, cartuns, caricaturas, livros infantis, histórias em quadrinhos, crônicas, cartazes e pinturas.

Mais velho de sete irmãos, ele nasceu em 24 de outubro de 1932 na cidade de Caratinga (MG). Seu nome foi uma combinação do nome da mãe, Zizinha, com o do pai, Geraldo.

Com apenas 6 anos, em 1939, apresentou seu primeiro desenho no jornal Folha de Minas. Em 1949, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde consagrou sua carreira.

O cartunista passou a ganhar grande expressão nos anos 1960, no Jornal do Brasil. À época, criou a famosa revista da Turma do Pererê, editada entre 1960 e 1964 e que deixou de ser publicada a partir do início da ditadura brasileira (1964-1984).

Nessa época, Ziraldo se destacou pela resistência à repressão. Também jornalista, foi um dos fundadores do jornal “O Pasquim”, um dos principais veículos a combater o regime militar e a lutar pela democracia.

 
Em dezembro de 1968, um dia após a edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5), o mais repressivo da ditadura, Ziraldo foi preso em casa e levado para o Forte de Copacabana, por ser considerado um “elemento perigoso”. Ele foi detido outras duas vezes, mas nunca deixou de desenhar, nem na cela.

Em 1969, publicou seu primeiro livro infantil, “Flicts”, e mais tarde passou a se dedicar à literatura para crianças. Sua mais conhecida criação, o Menino Maluquinho, nasceu nos anos 1980 e foi inspirado no filho do escritor.

O personagem deu origem a um livro infantil campeão de vendas e a um filme de grande sucesso nos cinemas do país. O livro foi traduzido para o inglês, espanhol, basco, alemão e italiano e teve adaptações para o cinema, teatro e televisão.

Com tantos personagens marcantes de histórias infantis, Ziraldo parou de produzir textos e desenhos em setembro de 2018, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC).

Seu estúdio, onde trabalhou durante 70 anos, instalado no bairro da Lagoa, zona sul do Rio de Janeiro, está sendo transformado no Instituto Ziraldo.

Reações

A morte do cartunista foi recebida com comoção por amigos, familiares, artistas, políticos, partidos, clubes de futebol e outras personalidades do país.

O desenhista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica, disse que perdeu “um irmão”. “Que tristeza! Não tenho palavras. Perdi mais que um grande amigo. Perdi um irmão. Das letras, dos traços e da vida! Mas ele estará sempre em meu coração. E nos corações de milhões de brasileiros maluquinhos de todas as idades, que seguirão apaixonados por sua obra. Viva, Ziraldo!”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também lamentou a morte do escritor nas redes sociais, afirmando que Ziraldo, com suas obras, se destacou “na defesa da imaginação, de um Brasil mais justo, com democracia e liberdade de expressão”.

“O Brasil perdeu neste sábado, 6/4, um de seus maiores expoentes da cultura, da imprensa, da literatura infantil e do imaginário do país. Chargista, caricaturista, escritor e jornalista, o mineiro Ziraldo é nome onipresente na cultura popular brasileira”, escreveu Lula. (Com agências de notícias)


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