Multidão sai às ruas da Hungria em protesto contra Viktor Orbán

 
Uma multidão saiu às ruas de Budapeste no sábado (6) em protesto contra o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. A manifestação foi liderada por um adversário do ditador húngaro.

Péter Magyar, um jurista e antigo diplomata que até recentemente tinha ligações estreitas com o governo, lançou um movimento político em fevereiro que busca destronar o líder populista após 14 anos no poder. Ex-marido de uma ex-ministra de Orbán, ele afirma que corrupção e clientelismo estão arraigados entre os líderes da Hungria.

Nas ruas da capital húngara, seus apoiadores marcharam até o prédio do Parlamento nacional, com alguns deles gritando: “Não temos medo” e “Orbán, renuncie!”. Muitos usavam as cores nacionais vermelho, branco e verde e agitavam a bandeira húngara.

Magyar discursou para a multidão, afirmando que seu novo movimento político vai unir os frustrados com o governo Orbán e a oposição política fragmentada e ineficaz.

“Passo a passo, tijolo por tijolo, estamos retomando nossa pátria e construindo um novo país, uma Hungria soberana, moderna e europeia”, disse Magyar aos manifestantes.

“Nossos líderes eleitos incitaram o povo húngaro uns contra os outros nos últimos 20 anos. Independentemente de o destino de nosso país ter sido bom ou de estarmos perto da falência, fomos colocados uns contra os outros, em vez de permitir que nos uníssemos”, acrescentou. “Vamos pôr um fim a isso agora.”

Quem é Péter Magyar?

Magyar foi casado até o ano passado com Judit Varga, ex-ministra da Justiça de Orbán. Após anos de apoio ao partido governista Fidesz, o húngaro de 43 anos se separou para criar um movimento político.

Em poucos dias, suas acusações de que a Hungria é administrada por uma “máfia” em nome de oligarcas e elites antidemocráticas começaram a ganhar força.

Magyar também acusou um dos ministros de Orbán de dirigir uma máquina de propaganda centralizada.


 
Em seguida, ele publicou uma gravação de áudio de sua ex-mulher, descrevendo como um assessor sênior do chefe de gabinete de Orbán tentou interferir em um caso de corrupção.

A mensagem parece estar repercutindo entre os húngaros. Uma pesquisa apontou que cerca de 68% dos eleitores já ouviram falar do novo movimento político de Magyar, e cerca de 13% disseram que provavelmente apoiariam seu futuro partido.

O governo, por sua vez, classificou Magyar como um oportunista, que perdeu cargos em várias empresas estatais e continua amargurado após se divorciar de Varga.

Fenda na armadura de Orbán?

Neste ano, o governo Orbán foi abalado por um escândalo envolvendo abuso sexual de crianças que forçou a renúncia da presidente do país, Katalin Novak, e da ministra Judit Varga.

Desde o afastamento de sua ex-mulher da vida política, Magyar tem atacado Orbán e seu governo de forma repetida e rigorosa.

As últimas alegações de Magyar sobre corrupção e clientelismo no governo podem afetar o apoio ao Fidesz nas eleições parlamentares europeias.

Há tempos Orbán é acusado pela União Europeia (UE) de corroer o Estado de Direito na Hungria, controlar a imprensa e alterar o sistema eleitoral do país para favorecer seu partido.

Bruxelas negou financiamento no valor de bilhões de euros a Budapeste por causa de políticas controversas.

Há dúvidas, porém, se Magyar conseguirá cumprir o prazo para criar um partido a tempo de concorrer nas eleições da UE. (Com agências internacionais)


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