(*) Lêda Lacerda
A frieza das pessoas me assusta. Essa disposição em passar por cima do que sentem também. É muita praticidade e pouca emoção. Ordens são dadas a todo momento. Os limites vivem sendo ultrapassados com a mais alta arrogância e prepotência.
Ninguém mais tem tempo para ouvir o que o outro tem a dizer, colocar-se no lugar de quem sofre é coisa de gente atrevida que quer aparecer, porque hoje solidariedade só tem vez diante dos holofotes, quando o ego pode ser amaciado e enaltecido.
Desconfio dessa boa ação manipulada que acontece quando tem gente olhando e se recolhe toda quando os bastidores da vida não acompanha o telespectador. Tudo custa muito. Julga-se demais.
Não é permitido chorar ou sangrar até o peito parar de arder. Exige-se postura e cura imediata. Não somos seres humanos, somos máquinas. O piloto automático vive ligado. Pouco se observa da necessidade do outro.
As prioridades são muitas e quase todas elas visam o próprio umbigo. Tão comum azedar com rispidez gestos sensatos de quem ainda acredita na construção de uma vida melhor. Colocar areia no sonho de quem se atreve a desbravar o mundo está em alta. Capas agora narram todo um conteúdo. Superfície traduz essência. Banalizaram os valores. Dia após dia vão se esquecendo nas gavetas o bom-senso, o respeito, a generosidade.
Especular é mais fácil do que conhecer. Falar o que não sabe, o que não sente, é rotina. A pressa tem sido gigantesca e a indiferença tem sido tratada como a cura para todos os problemas.
Você finge que é feita de plástico e joga fora o que te faz doer. Você ignora o peso nos ombros e pisa em quem se dispõe a estender a mão e ofertar um abraço que conforte. Estamos no auge de pessoas e sentimentos serem compactados como itens descartáveis. A reciprocidade está extinta.
A moda da vez é a utilidade que você tem para o outro crescer. Enterraram o amor em prol da amargura. Da ambição, do querer ser mais que todo mundo e ainda tem ousadia de protestar em favor de um mundo mais justo. A mudança vem de dentro para fora. Interior podre não floresce esperança exterior.
(*) Lêda Lacerda – paulistana, estudou no Colégio Rio Branco e formou-se em enfermagem pela USP. Sempre se interessou por moda e nas horas vagas por escrever sobre experiências de vida. Anos mais tarde, ingressou profissionalmente no universo da moda, tendo também se dedicado à formação de modelos e atores. A paixão pela escrita permanece até hoje, hobby que usa para traduzir em letras a emoção e o amor que marcam seu cotidiano.
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