Temendo repercussão da eventual morte de Marcelo Freixo, milicianos decidiram assassinar Marielle

 
O medo da repercussão da morte do então deputado estadual Marcelo Freixo, atualmente na presidência da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) teria levado ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), em março de 2018, no Rio de Janeiro.

A informação consta da denúncia encaminhada pela Procuradoria Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e Rivaldo Barbosa, delegado da Polícia Civil fluminense. O policial militar Ronald Alves de Paula, o Major Ronald, apontado como ex-chefe da milícia da Muzema, na Zona Oeste da capital fluminense, também foi denunciado.

Ronald, de acordo com a denúncia, era encarregado de obter informações sobre a rotina de Marielle e monitorou as redes sociais da então vereadora. Ele soube que ela participaria de evento na Casa das Pretas, na Rua dos Inválidos, e “encontrou a oportunidade para a execução do homicídio”.

Com a informação, Ronald telefonou para Edmilson “Macalé” na manhã do dia do atentado, que também vitimou o motorista Anderson Gomes. Macalé, em seguida, telefonou para Ronnie Lessa, autor do duplo homicídio. Macalé foi quem intermediou com Lessa a execução.

“Marcelo Freixo gozava de grande projeção política. Eventual atentado contra Marcelo teria grande repercussão, elevando as chances de uma eficiente atuação repressiva do Estado”, destaca trecho da denúncia.

A denúncia cita a atuação de Freixo na CPI das Milícias, em 2008, que mencionou os irmãos Brazão como beneficiários de um “curral eleitoral” em Oswaldo Cruz, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro comandado por milicianos. Além disso, a PGR lembra a atuação de Freixo e do PSOL para atrapalhar a ida de Brazão para o TCU, em 2015.


 
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Intimidação ao PSOL

A denúncia ressalta que “foi nesse contexto que as atuações políticas do PSOL e, mais tarde, de Marielle Francisco da Silva, entraram em rota de colisão com os denunciados João Francisco e Domingos Brazão, que decidiram então matá-la, para impedir que a vereadora continuasse a prejudicar os seus interesses e para dissuadir outros integrantes do PSOL que pretendessem adotar a mesma postura”.

“Por esses fatores, impelidos pela finalidade de desencorajar qualquer oposição aos seus interesses econômicos e para imposição de suas propostas legislativas, buscando, ainda, atender às necessidades das milícias das quais eram aliados, Domingos Inácio Brazão e João Francisco Inácio Brazão decidiram por matar Marielle Francisco da Silva, o que também serviria como modo de intimidar o livre exercício da atividade político-partidária dos integrantes do PSOL”, diz outro trecho da denúncia.

Irmão de Marcelo Freixo

Na madrugada de 25 de julho de 2006, Renato Freixo, 34 anos, irmão de Marcelo Freixo foi assassinado a tiros quando chegava em casa, em Piratininga, na Região Oceânica de Niterói.

Renato trabalhava como Assessor na Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia da Prefeitura de Niterói e estava coma esposa no momento do crime. Ela sobreviveu. Descrito pelo irmão como “pacato, honesto e digno”, Renato era pai de duas crianças e foi mais uma vítima da violência de caráter miliciano no Rio de Janeiro.

Foram indiciados como mandantes do crime os ex-PMs Fábio Montibelo e Marcelo dos Reis Freitas. Alexandre Ramos, também conhecido como “Bacalhau”, foi o executor. Renato demitiu Montibelo e Freitas da segurança do condomínio porque terem registro para realizar segurança privada na época.


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