Passado recente mostrou que Petrobras não pode ser reduto de “companheiros” e aliados políticos

 
A Bolsa brasileira abriu em queda nesta quarta-feira (15), puxada pela desvalorização das ações da Petrobras. No final da terça-feira, os ADRs da petrolífera brasileira, comercializados na Bolsa de Nova York, foram impactados pela demissão do presidente da empresa, Jean Paul Prates, que será substituído por Magda Chambriard.

A Petrobras anunciou em nota o “encerramento antecipado” do mandato de Prates “de forma negociada”. “O Sr. Jean Paul informou que, se e uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobras.”

Prates foi demitido pessoalmente por Lula na presença do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Sua demissão já vinha sendo cogitada após uma série de desentendimentos com Silveira e com o próprio Lula, que inviabilizou sua permanência no cargo.

Diferentemente do que afirma na nota a maior empresa brasileira, a demissão de Prates não resultou de negociação, mas de um processo de “fritura” operado pelos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).

Dias após vencer a eleição presidencial de 2022, Lula ouviu de destacado político que esse seria o seu pior governo. À época o UCHO.INFO noticiou tal informação, preservando o nome do interlocutor como forma de não compromete quem participou do encontro.

Analisando a trajetória política de Lula, desde os tempos de sindicato, é impossível negar sua habilidade política. Ele é considerado por alguns como maestro, mas ao que parece Lula perdeu a batuta, permitindo que cada integrante da “orquestra” toque em diferentes tons.

Temos afirmado ao longo dos anos que o “centrão”, que há muito vem fazendo o Executivo de refém, é a porção mais peçonhenta da política nacional. Não bastasse esse cenário, o Partido dos Trabalhadores, com ingerências e disputas internas, tem contribuído solenemente para que o governo seja avaliado muito aquém do esperado.


 
Apesar de a União deter o controle da Petrobras, a empresa não pode ser transformada em plataforma para propulsão de ideologias políticas, muito menos deve servir para acomodar apaniguados.

Com acionistas privados, mesmo que minoritários, a Petrobras necessita de independência para manter sua pujança e respeitabilidade setor petrolífero e no mercado financeiro global. Não cabe ao governo usar a empresa para levar adiante seus projetos. Nesse caso, a União pode usar os recursos provenientes dos dividendos para custear projetos.

O presidente da Petrobras foi demitido por defender a independência da empresa, algo que contraria os interesses nebulosos do PT, dos ministros palacianos e dos aliados políticos (sic) do presidente Lula, que cada vez mais avançam sobre a estrutura do governo federal. Além disso, a resistência em relação à retomada da construção de sondas por estaleiros nacionais teve peso na degola de Prates. Lula está novamente obcecado pela ideia, que em passado recente foi berço para escândalos de corrupção.

Prates, que cumpriu mandato de senador até assumir o comando da Petrobras, chegou ao cargo por conta da amizade com Lula. Ter participado da assessoria jurídica da Petrobras Internacional (Braspetro) na década de 90 não é credencial para tarefa de tanta responsabilidade. A “fritura” de Prates ganhou força com a discussão sobre os dividendos extraordinários. Os valores destinados aos acionistas não podem ter outra destinação, ou seja, estão parados no caixa da Petrobras.

A reação do mercado financeiro, demonizado por Lula, é natural e procedente, mesmo considerando o fato de a União ser controladora da empresa, o que confere o direito para votar na tomada de decisões da empresa, na proporção do volume de ações que detém.

A formação de uma equipe de governo deveria seguir o rito adotado pela iniciativa privada, onde a escolha de dirigentes está atrelada ao critério da competência. Uma empresa não pode ser transformada em palco para ação entre amigos. O Brasil precisa avançar em todos os terrenos, mas tudo indica que isso não acontecerá tão cedo.

Um governo sério e determinado a vencer obstáculos necessita de pessoas qualificadas em postos importantes, não de “companheiros” ávidos por sinecuras. A temporada de sindicato ficou para trás há muito tempo.


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