A Espanha anunciou, nesta terça-feira (21), a decisão de retirar de forma definitiva sua embaixadora na Argentina, o que aumenta e aprofunda a crise diplomática entre os dois países.
A crise teve início com declaração do presidente argentino, Javier Milei, que chamou a esposa do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de corrupta por conta de investigação arquivada.
Como reação, Madrid convocou sua embaixadora em Buenos Aires e exigiu pedido de desculpas por parte de Milei. No contraponto, na segunda-feira (20), o presidente argentino avançou na polêmica ao afirmar que não se desculparia.
Na manhã desta terça-feira, o ministro de Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, anunciou a retirada permanente da embaixadora em Buenos Aires. “Nossa embaixadora ficará definitivamente em Madrid, e a Argentina continuará sem embaixadora”, disse Albares.
Diante dessa decisão, a Embaixada da Espanha em Buenos Aires passa a funcionar apenas como representação de negócios entre ambos os países.
O chanceler espanhol afirmou que o gesto de Milei foi um “assalto à boa fé e à hospitalidade” da Espanha, em referência à visita que o presidente argentino fez a Madrid na última semana.
Populista e flertando com o autoritarismo, Milei viajou ao país europeu para participar da convenção “Europa Viva 24”, evento organizado pela extrema direita espanhola. O mandatário argentino não se encontrou com o primeiro-ministro nem com o rei Felipe VI, chefe de Estado.
“Mesmo assim, acolhemos o presidente argentino da forma como devemos fazer com um presidente da Argentina, que é uma república irmã da Espanha. Permitimos que ele aterrissasse e decolasse da base de Torrejón de Ardoz (base militar por onde chegam chefes de governo e de Estado em visitas oficiais), oferecendo garantias de segurança. E a resposta foi um ataque frontal com insultos a nossas instituições”, disse o chanceler.
Objetivando agradar à plateia direitista, Javier Milei criticou a retirada da embaixadora, decisão que classificou como reposta desproporcional.
Na segunda-feira (20), ao comentar a crise, o premiê espanhol já havia afirmado que a reação de seu governo seria proporcional “à dignidade que representa a democracia espanhola e aos laços de irmandade que unem” os dois países.
Em Madrid, no último final de semana, Milei usou o termo “mulher corrupta” para atacar de forma inominada a esposa do primeiro-ministro Pedro Sánchez.
“As elites globais não percebem o quão destrutivo pode ser implementar as ideias do socialismo (…), mesmo que você tenha a esposa corrupta, digamos, suja-se [sic] e tire cinco dias para pensar sobre isso”, disse Milei, em referência ao período de cinco dias de reflexão que Sánchez anunciou no fim de abril para decidir se renunciaria diante de acusações contra sua esposa.
Em abril, a Justiça espanhola aceitou denúncia contra Begonã Gómez, esposa Sánchez, feita pela associação “Manos Limpias”, coletivo ligado à extrema direita que primeiro-ministro acusa de perseguir sua família há anos.
A “Manos Limpias” acusou Gómez de tráfico de influência e corrupção empresarial. Contudo, o Ministério Público arquivou a investigação sob a alegação de que as provas apresentadas – informações da imprensa indiretamente relacionadas à esposa de Sánchez – eram insuficientes.
De acordo com o portal espanhol “El Confidencial”, a investigação envolvia os vínculos de Begoña Gómez com o grupo turístico espanhol Globalia, proprietário da companhia aérea Air Europa.
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