Novo Parlamento Europeu pende para a direita

 
Um novo Parlamento Europeu mais empenhado em limitar a imigração na União Europeia (UE) do que em conter as mudanças climáticas: a julgar pelos resultados preliminares, essa foi a escolha de eleitores nos 27 países-membros do bloco para os próximos cinco anos.

Com os conservadores mantendo a liderança e a expansão da ultradireita, a nova composição da câmara baixa do Legislativo europeu aponta para um Parlamento mais fragmentado, o que deve dificultar e retardar o processo de tomada de decisões em uma UE às voltas com uma Rússia cada vez mais hostil, a crescente rivalidade entre China e Estados Unidos, o possível retorno de Donald Trump à Casa Branca e uma emergência climática de proporções globais.

Composição do Parlamento Europeu

Segundo as primeiras previsões divulgadas na noite deste domingo (9), o Partido Popular Europeu (EPP), dos democratas-cristãos, deve continuar a maior força do Parlamento, com 191 dos 720 assentos, uma ligeira expansão em relação a 2019.

Com isso, são grandes as chances de recondução ao cargo da atual presidente da Comissão Europeia e eurodeputada Ursula von der Leyen, do partido alemão conservador União Democrata Cristã (CDU).

Em seguida, vem a Aliança Progressista dos Socialistas & Democratas (S&D), com 135 cadeiras, ou 18,8% do Parlamento – uma perda em relação a 2019, quando o grupo fez 20,4% dos eurodeputados.

Logo atrás estão os liberais do Renovar a Europa, com 83 cadeiras – em 2019, eles tinham 102.


 
Com estimadas 53 cadeiras, a bancada dos Verdes/Aliança Livre Europeia perdeu 18 mandatos e o posto de quarto maior grupo no Parlamento para os Reformistas e Conservadores Europeus (ECR), de ultradireita, que devem ganhar 7 novos membros e passar a 71 assentos.

Os verdes também ficarão atrás dos igualmente ultradireitistas do Identidade e Democracia (ID), com 57 membros, sete a menos que em 2019 – a bancada recentemente excluiu o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) de suas fileiras, em tentativa de se blindar contra eventuais escândalos. Não fosse isso, o ID provavelmente teria ultrapassado o ECR, já que a AfD deve levar 16 eurodeputados ao Parlamento Europeu.

Candidatos independentes, não vinculados a nenhuma bancada, devem ficar com 95 assentos. Por fim, a menor bancada é da Esquerda, que deve perder três cadeiras e eleger 35 eurodeputados.

Ultradireita sai mais forte das urnas

Na França, Itália, Áustria e Hungria, partidos de ultradireita devem eleger as maiores bancadas. Na Bélgica, eles lideram as pesquisas de intenção de voto; na Alemanha, Polônia, Holanda e Suécia, são pelo menos a segunda ou terceira maior força.

Há anos eleitores europeus vêm se queixando de que o processo de tomada de decisões na UE é complexo, distante e desconectado da realidade diária – algo que explica os baixos índices históricos de comparecimento às urnas, que para esta eleição foram estimados em 51% dos cerca de 360 milhões de europeus aptos a votar.

Muitos europeus foram impactados pela alta nos custos de vida e estão preocupados: com a imigração descontrolada, com o preço da transição verde e com as tensões geopolíticas, incluindo a guerra na Ucrânia.

Partidos populistas veem nesse cenário uma oportunidade de ganhar o eleitorado.


 
Aliança com a direita conservadora é incerta

Considerando o total de eurodeputados que o ECR e o ID devem eleger, mais os assentos que a AfD deve conquistar, os partidos de ultradireita vão controlar 20% do Parlamento Europeu e devem compor uma força nada desprezível.

Sua real influência sobre a política europeia, porém, dependerá da capacidade de forjar alianças com a direita conservadora do EPP e, possivelmente, com os liberais ou com membros independentes.

Se uma aliança dessas de fato é viável, essa questão ainda está em aberto. Mas von der Leyen, atual presidente da Comissão Europeia, já anunciou que não descarta uma colaboração com parlamentares mais à direita – desde que eles apoiem a Ucrânia, representem valores europeus e sejam a favor da manutenção do Estado de Direito.

Falando em um evento do EPP em Bruxelas na noite deste domingo, von der Leyen prometeu que a sua bancada será um “bastião contra extremos à direita e à esquerda” no Parlamento Europeu. “Nenhuma maioria pode ser formada sem o EPP”, afirmou. “Vamos detê-los. Isso é certo.” (Com agências internacionais)


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