A cor do dia

(*) Lêda Lacerda

Às vezes, me sinto morta. Outras vezes, me sinto viva. E o que difere um momento do outro às vezes é coisa banal: um gesto, uma fala, uma mágica no ar. Sábado de sol agora, estava eu a me sentir morta, envolta em abraço de luto pela partida inesperada de um querido amigo.

Pensava que lhe haviam roubado aquele dia de sol, assim como todos os demais que ele viveria. Nisto em solidariedade a ele, eu não me sentia viva.

Até que entrou na sala do apartamento uma borboleta. Era pequena, inesperada e só deu algumas batidas na sala, depois sumiu como surgiu. E eu me senti mais viva, achando que era meu amigo me dizendo alguma coisa boa. Sabem, acredito em coisas sem um porquê.

Como “pra quê estragar com o dia do sol do outros se só nós precisamos da chuva agora?”.

Isso me lembra como a cor do dia importa para mim. Em dias de sol, mesmo com frio, eu me sinto viva e valente. Já dias cinzas matam borboletas dentro de mim. Nisto, com esse clima montanha-russa de São Paulo, sofro de certa bipolaridade solar. Não queria ser assim, bem como acreditar em coisas sem porquês, como ter fé que os dias mudam de cores.

(*) Lêda Lacerda – paulistana, estudou no Colégio Rio Branco e formou-se em enfermagem pela USP. Sempre se interessou por moda e nas horas vagas por escrever sobre experiências de vida. Anos mais tarde, ingressou profissionalmente no universo da moda, tendo também se dedicado à formação de modelos e atores. A paixão pela escrita permanece até hoje, hobby que usa para traduzir em letras a emoção e o amor que marcam seu cotidiano.

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