Joias sauditas: Bolsonaro recorre ao caso Adélio Bispo para desqualificar investigação da PF

 
Como esperado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou, nesta segunda-feira (8), o erro da Polícia Federal sobre o valor das joias recebidas de autoridades estrangeiras e vendidas ilegalmente nos Estados Unidos, recompradas após o escândalo vir à tona.

Golpista frustrado, Bolsonaro não se pronunciou acerca das evidências que, segundo a PF, mostram que o ex-presidente tinha conhecimento da tentativa de venda dos presentes.

A defesa do ex-presidente também não comentou os detalhes das acusações da PF, mas afirmou ter recebido com indignação o equívoco no valor. Os advogados disseram que, assim que instado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Bolsonaro entregou de forma espontânea os presentes à corte. Isso só aconteceu depois que o advogado Frederick Wassef foi aos Estados Unidos para recomprar algumas das joias vendidas ilegalmente.

O documento da PF, enviado ao Supremo Tribunal Federal no relatório que embasa o indiciamento de Bolsonaro e de mais 11 pessoas, afirmava em determinado trecho que o valor dos bens somava R$ 25 milhões (US$ 4.550.015,06). Horas depois, a PF corrigiu o valor para de R$ 6,8 milhões (US$ 1.227.725,12), quanto mencionada em outros trechos do relatório.

“Aguardemos muitas outras correções. A última será aquela dizendo que todas as joias ‘desviadas’ estão na CEF [Caixa Econômica Federal], acervo ou PF [Polícia Federal], inclusive as armas de fogo”, escreveu Bolsonaro nas redes sociais.

Seus advogados divulgaram nota afirmando que o ex-presidente se apresentou de forma espontânea para a entrega dos presentes, assim que a legalidade dos objetos passou a ser questionada pelo TCU. Isso só ocorreu após a ida de Wassef aos EUA.


 
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A nota de Paulo Cunha Bueno e Daniel Tesser também questiona a competência do Supremo Tribunal Federal e do ministro Alexandre de Moraes para estarem com a investigação. Os advogados citam parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que entende ser o caso de competência da primeira instância.

Outro argumento explorado por Bolsonaro para demonstrar suposta falta de isenção ou mesmo contaminação política da PF é o fato de o diretor de Inteligência da corporação ser o delegado que atuou no caso de Adélio Bispo, autor da facada contra o então candidato à Presidência.

Na postagem em que comentou o relatório da PF, Bolsonaro explorou o assunto. “Aguarda-se a PF se posicionar no caso Adélio: ‘quem foi o mandante?’. Uma dica: o delegado encarregado do inquérito é o atual diretor de Inteligência”, escreveu na rede social X.

Ex-secretário de Comunicação do pior governo da história do Brasil, Fábio Wajngarten também se manifestou no mesmo sentido e citou “Estado policial”.

“Na matemática do Estado policial temos: 6,8 milhões = 25 milhões; cumprir a lei = crime; e adversário político = culpado. Quanto mais avança, mais fica claro o atraso desse relatório da PF”, escreveu Wajngarten na rede social X.

Em vez de recorrer a deboches para desqualificar a investigação, Fábio Wajngarten deveria solicitar a Fabrício Queiroz alguma explicação para o depósito na conta bancária de Michelle Bolsonaro e por qual razão pagou em dinheiro vivo a conta da internação no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.


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