Um avião saindo do Panamá com destino à Venezuela, que levaria ex-presidentes da América Latina para acompanhar as eleições do próximo domingo no país, teve a decolagem desautorizada devido a um bloqueio do espaço aéreo, afirmou nesta sexta-feira (26) o presidente panamenho José Raúl Mulino.
Na última semana, a Venezuela baixou um decreto para fechar seu espaço aéreo, marítimo e terrestre a partir da meia-noite de sexta-feira. O governo de Nicolás Maduro, que busca o terceiro mandato, alega que a medida visa garantir a segurança do pleito.
Entre os passageiros a bordo do voo comercial operado pela Copa Airlines estavam os ex-presidentes Mireya Moscoso (Panamá), Vicente Fox (México), Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica) e Jorge “Tuto” Quiroga (Bolívia), além da ex-vice-presidente colombiana Marta Lucía Ramírez – todos membros da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (Grupo IDEA), fórum que reúne ex-mandatários como os ex-presidentes brasileiro Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o argentino Mauricio Macri.
De acordo com Mulino, a decolagem teria sido desautorizada por causa da presença do grupo. Uma segunda aeronave da mesma companhia aérea também teria tido a permissão de decolagem saindo do aeroporto internacional de Tocumen negada.
“Queríamos estar com vocês”, disse Moscoso aos passageiros na aeronave. “Dói na alma. Queremos uma Venezuela livre. (…) Vão votar e prestem atenção para que não roubem seu voto”, emendou, sob aplausos dos passageiros.
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Na quarta-feira (24), o vice-presidente do Partido Socialista da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, já havia dito que expulsaria os ex-presidentes se eles pusessem os pés na Venezuela: “Não estão convidados. Se aparecerem no aeroporto, os expulsamos”, afirmou, chamando-os de “inimigos do país” e “fascistas”.
TSE desistiu de acompanhar eleições
Também nesta semana, o ex-presidente argentino Alberto Fernández e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil desistiram de acompanhar presencialmente as eleições, alimentando receios sobre a lisura e transparência do processo eleitoral venezuelano.
Fernández, que é kirchnerista, afirmou ter sido demovido da viagem pelo governo venezuelano, que alegou ter “dúvidas sobre a imparcialidade” dele.
Já o TSE se incomodou com críticas de Maduro ao sistema eleitoral brasileiro. “Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo”, afirmou o tribunal, em nota.
Além de Maduro, concorre à Presidência da Venezuela o candidato oposicionista Edmundo González Urrutia, que surgiu na disputa após o autoritário regime de Caracas invalidar outras duas candidatas anteriores. (Com agências internacionais)
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