Amorim reúne-se com o ditador Nicolás Maduro e cobra divulgação das atas de votação

 
Assessor internacional da Presidência da República, o embaixador Celso Amorim encontrou-se na tarde desta segunda-feira (29) com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, cuja reeleição é contestada pela oposição e por líderes na região. Na sequência, Amorim reuniu-se com Edmundo González Urrutia, candidato da oposição.

De acordo com interlocutores, Amorim pediu a Maduro que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão que supervisiona as eleições na Venezuela e é controlado pelo chavismo, publique as atas de votação do pleito de domingo (28). Isso é parte do rito eleitoral local.

Pessoas com conhecimento da conversa disseram que Maduro justificou a não publicação desses dados por causa de suposto ataque hacker, o que até o momento não foi comprovado. De acordo com o ditador, as informações serão divulgadas nos próximos dias. O líder foi proclamado nesta segunda-feira para mais seis anos no poder, de 2025 a 2031.

Maduro comentou a conversa que teve com o brasileiro em uma live nas redes sociais. “Eu dizia hoje a Celso Amorim: há um grupo de opositores que quer uma alternativa democrática, com respeito a instituições, mas esse grupo [a coalizão opositora] é radical, fascista. Não é uma oposição democrática.”

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O regime acusou nesta segunda a líder opositora María Corina de estar envolvida em um ataque contra o sistema eleitoral que teria atrasado a divulgação das atas.

Pouco após a reunião de Amorim com o líder do regime, o opositor Edmundo González afirmou em entrevista coletiva que sua campanha pede ao Brasil que siga insistindo na divulgação das atas.

González, apoiado pela líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, afirma que ganhou e que pode provar isso, ainda que não o tenha feito. O próprio Amorim, ao falar à reportagem, disse que “nem o governo nem a oposição comprovaram algo ainda”.

“A gente tem que ter uma verdade verificada. É uma norma de desarmamento básica: confie e verifique”, disse à reportagem. “O resultado só pode ser verificado quando o resultado das várias mesas [de votação] for divulgado. Não basta dar um número geral.”

Amorim destaca que a oposição não comprovou até agora que González foi eleito com cerca de 70% dos votos. “A oposição também não comprovou nada. Não mostrou as atas que diz ter na mão. Por isso temos que esperar. Se não houver solução, então vemos o que fazer, e como o Brasil deve agir.”


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