TSE pode cassar quatro deputados federais bolsonaristas por fraude à regra de cota de gênero

 
Tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) que poderá cassar os mandatos de quatro deputados federais do PL de Goiás. São eles: Gustavo Gayer, Professor Alcides, Daniel Agrobom e Magda Mofatto. De acordo com o Solidariedade, legenda que protocolou a ação, o PL não cumpriu a cota mínima de gênero relacionada à participação feminina nas eleições de 2022 para a Câmara dos Deputados, no estado.

De acordo com a Lei das Eleições, “do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo”.

A ação destaca que no dia do primeiro turno das eleições, uma das candidatas do partido renunciou. Sem prazo legal para substituição de candidatura, o percentual de candidatas ficou em 29,4%, abaixo do que estabelece a lei.

Os advogados do Solidariedade alegam na ação que, para corrigir a discrepância, um candidato homem do PL de Goiás deveria ter renunciado à candidatura para que o percentual mínimo de candidaturas de mulheres fosse respeitado. Houve má-fé do PL com o objetivo de fraudar a cota de gênero, justificam os advogados.

“Mesmo havendo tempo hábil após a renúncia, na data da eleição concorreram 17 candidatos a deputado federal pelo PL, sendo apenas 5 mulheres. Bastava ao partido retirar uma única candidatura masculina para se adequar a cota, mas não o fez”, argumenta a legenda.

“É fato incontroverso que, no dia da eleição, o partido não cumpriu os percentuais mínimos, pois possuía apenas 29,4% de candidatas mulheres. Assim, tão grave conduta deve ser, de pronto, repudiada pela Justiça Eleitoral, devendo a presente ação ter seu julgamento pela procedência do pedido, de forma a cassar os diplomas dos candidatos a deputado federal pelo PL em Goiás”, ressalta a ação.

O Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) rejeitou a tese do Solidariedade e manteve os mandatos dos deputados do PL, apesar do flagrante desrespeito à legislação eleitoral. De acordo com o TRE-GO, não ficou comprovado que a renúncia da candidata tinha como objetivo fraudar a cota de gênero.

O recurso chegou ao TSE em maio, sendo relator o ministro Kassio Nunes Marques, indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ex-presidente e golpista Jair Bolsonaro, figura de destaque do PL.


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