Fruto de devaneio ideológico, fala de Lula sobre resultado da eleição na Venezuela é preocupante

 
Na seara da polarização política que impera no Brasil desde as eleições de 2018, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva erra enormemente ao ater-se às questões ideológicas. A corrida presidencial na Venezuela está sob grave suspeita de fraude, assunto que reverbera globalmente desde o último domingo, mas Lula ousou dizer que “nada de grave” ou “de assustador” houve no processo eleitoral do país vizinho.

Extremamente preocupante, a declaração foi dada durante entrevista à emissora de televisão Centro América, afiliada da Rede Globo em Mato Grosso. O presidente ressaltou que a contestação do resultado da eleição é “um processo normal”.

“Tem uma briga, como vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se ata tiver dúvida entre oposição e situação, oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça tomar o processo. Aí vai ter a decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo”, afirmou o petista.

“O PT reconheceu. A nota do PT reconhece, é um elogio ao povo venezuelano pelas eleições pacíficas que houveram e, ao mesmo tempo, reconhece que o tribunal eleitoral já reconheceu Maduro como vitorioso, a oposição ainda não. Aí tem um processo. Não tem nada de grave, nada de assustador, vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a 3ª Guerra Mundial”, completou.


 
Há uma inconteste dicotomia nas declarações de Lula em relação à democracia. Em 8 de janeiro de 2023, quando os seguidores de Jair Bolsonaro, inconformados com o resultado da eleição presidencial do ano anterior, invadiram as sedes dos três Poderes na esperança de viabilizar um golpe de Estado, Lula se mostrou indignado, como esperado.

Por outro lado, com o resultado da eleição presidencial na Venezuela sob suspeita, sem que as atas de votação tenham sido apresentadas até o momento, Lula entende que nada há de grave ou assustador ocorreu. Os venezuelanos saíram às ruas para protestar contra a reeleição do ditador Nicolás Maduro, mas o presidente brasileiro considera normal que manifestantes sejam mortos e líderes da oposição, presos.

Na última semana, quando o truculento Maduro prometeu um “banho de sangue” no país caso não vencesse a disputa eleitoral, Lula mostrou-se preocupado com o futuro do país vizinho. Tanto é assim, que tiranete Nicolás Maduro sugeriu chá de camomila àqueles que estavam preocupados com o que eventualmente pudesse ocorrer na Venezuela.

Lula foi além na entrevista e afirmou que reconhecerá o resultado da eleição venezuelana. “Lógico que vou reconhecer [a vitória de Maduro] a hora que for consagrada a vitória. Estou com meu ministro Celso Amorim na Venezuela desde sexta. Ontem à noite ele teve uma conversa com presidente Maduro e com o candidato da oposição. Na conversa com Maduro, Celso disse que as coisas só vão ficar definidas quando apresentar a ata. Ele falou, vou apresentar a ata. Só não disse quando, mas disse que vai apresentar”, disse o presidente.

É impossível fazer qualquer declaração sobre a eleição na Venezuela antes da apresentação das atas de votação. Ultrapassa as fronteiras da inocência acreditar na alegação de Maduro de que uma tentativa de ataque hacker ao sistema eleitoral venezuelano comprometeu a divulgação das atas. O ditador da Venezuela aposta no tempo para fraudar também registros de votação.


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