Uma das principais autoridades eleitorais da Venezuela disse em entrevista que não há provas da vitória do ditador Nicolás Maduro na eleição presidencial do mês passado. Tal declaração certamente aumentará a crise no país.
Desde a votação de 28 de julho, diversos governos ao redor do planeta expressaram ceticismo, até mesmo descrença absoluta, em relação à anunciada vitória de Maduro. Contudo, a declaração de Juan Carlos Delpino, integrante do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) – que anunciou a vitória do tiranete bolivariano –, representa a primeira grande crítica que emerge do sistema eleitoral venezuelano.
Falando a um jornalista pela primeira vez desde a votação fraudulenta, Delpino disse que “não havia recebido nenhuma evidência” de que Maduro realmente obteve a maioria dos votos.
Até o momento, apesar da pressão internacional, o CNE e o próprio ditador não divulgaram as atas eleitorais para referendar as afirmações sobre a vitória de Maduro, enquanto a oposição publicou recibos de milhares de máquinas de votação que mostram que seu candidato, Edmundo González, venceu a eleição por larga vantagem.
Ao declarar Nicolás Maduro como vencedor, sem qualquer prova, o CNE “falhou com o país”, disse Delpino. “Estou envergonhado e peço perdão ao povo venezuelano. Porque todo o plano que foi elaborado – para realizar eleições aceitas por todos – não foi alcançado”.
Delpino, advogado e um dos dois membros do CNE alinhados à oposição, falou escondido com um jornalista do “The New York Times”, com medo da reação do governo. Nas últimas semanas, as forças de segurança de Maduro têm detido qualquer pessoa que ouse questionar a aludida vitória do ditador, que pretende permanecer no poder por mais seis anos. Venezuelanos temem que as forças do regime local estejam cruzando as fronteiras para perseguir inimigos.
Lula na contramão
Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro, publicaram, no último sábado (24), nota conjunta em que novamente exigem transparência em relação ao resultado da eleição presidencial da Venezuela. Ambos seguem sem reconhecer o ditador Nicolás Maduro como reeleito. Na nota, Lula e Petro pedem para que se evite recorrer a atos de violência e à repressão, algo que há muito vem ocorrendo na Venezuela.
O comunicado é resultado de conversas telefônicas entre os dois líderes que aconteceram nos últimos dias, após o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, Corte máxima do país, ter ratificado a vitória de Maduro na eleição presidencial de julho. Assim como o CNE, o TSJ é controlado por chavistas.
Lula e Petro aguardam a divulgação das atas eleitorais que atestam a votação por parte do CNE e manifestam oposição “à continuada aplicação de sanções unilaterais como instrumento de pressão”.
Na última sexta-feira (23), Lula decidiu não assinar comunicado conjunto dos Estados Unidos e mais dez países latino-americanos que “rechaçaram categoricamente” a reeleição de Maduro e afirmam que o TSJ carece de imparcialidade.
Maduro tem ciência de que longe do poder sua liberdade estará seriamente ameaçada, pois a cúpula do governo venezuelano tem envolvimento com o tráfico internacional de drogas, como antecipou o UCHO.INFO há anos, mais precisamente após a morte do também ditador Hugo Chávez. Somente agora veículos da imprensa internacional noticiaram o que nossos leitores já sabiam.
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